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O volume do setor de serviços cresceu 0,2% em abril na comparação com março, apontam dados com ajuste sazonal divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador também avança 9,4% na comparação anual, com abril de 2021, e acumula alta de 9,5% neste ano e de 12,8% nos últimos 12 meses, segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).
Apesar da alta de 0,2% em abril, o acumulado nos últimos 12 meses desacelerou de 13,6% em março para 12,8% agora, interrompendo uma trajetória ascendente iniciada em fevereiro de 2021. Além disso, os dados vieram abaixo das estimativas do mercado, pois o consenso Refinitiv projetava um avanço mensal de 0,4% e anual de 10,4%.
“Temos uma trajetória descendente para o setor de serviços em 12 meses. Abril marca uma redução, e o ritmo em maio vai mostrar como será essa trajetória”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O IBGE também revisou para baixo o indicador de março (de +1,7% para +1,4%), e de fevereiro (de +0,4% para -0,1%). Com isso, o setor agora está 7,2% acima do patamar de fevereiro de 2020, antes do início da pandemia, mas ainda 4,2% abaixo de novembro de 2014, pico da série histórica do IBGE.
Destaques em abril
O crescimento de 0,2% no volume de serviços em abril foi causado por altas em apenas 2 das 5 atividades pesquisadas: informação e comunicação (+0,7%) e serviços prestados às famílias (+1,9%). Foi o segundo resultado positivo seguidos de ambas, com ganhos acumulados de 2,5% e 5,2%.
O destaque do avanço de 0,7% de informação e comunicação vai para tecnologia da informação, que atingiu o ponto mais alto da série histórica. “Durante o auge do isolamento por conta da pandemia, houve uma alta demanda desses serviços — e esse movimento perdura até os dias atuais”, diz Lobo.
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Já a alta dos serviços prestados às famílias (1,9%) teve maior influência dos serviços de alojamento e alimentação, uma continuidade ao processo de retomada dos serviços presenciais (principalmente bares e restaurantes), segundo o gerente da pesquisa.
Em contrapartida, transportes (-1,7%), profissionais, administrativos e complementares (-0,6%) e outros serviços (-1,6%) retraíram no mês. Os dois primeiros setores interromperam uma sequência de cinco taxas positivas seguidas, enquanto o último eliminou o avanço de 1,4% de março.
Apesar da queda da atividade de transportes, o transporte de passageiros cresceu 2,3% no mês e superou pela primeira vez o patamar pré-pandemia (+0,1% ante fevereiro de 2020). Já o de atividades turísticas aumentou 2,5%, mas ainda está 3,4% abaixo do nível de antes da crise da Covid-19.
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Resultado negativo
Guilherme Sousa, economista da Ativa, diz que o resultado surpreendeu negativamente e “a abertura dos dados também não foi positiva, com destaque para o desempenho ruim de outros serviços prestados às famílias e de transportes”.
“Distintamente da pesquisa do comércio divulgada na sexta-feira, o resultado da pesquisa de serviços exerce grande peso sobre as nossas perspectivas de crescimento”, escreveu Sousa. “Com a surpresa negativa, decidimos retirar o viés positivo deixado pela PMC”.
O economista se refere à Pesquisa Mensal do Comércio (OMC) do IBGE, que revelou na semana passada que as vendas do varejo subiram 0,9% em abril, mais que o dobro das expectativas do mercado (que era de alta de 0,4%).
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Desaceleração no 2º trimestre
Para Rodolfo Margato, economista da XP Macro, o setor de serviços permaneceu em trajetória de alta, mas com perda de velocidade na margem. “O setor terciário deverá crescer nos próximos meses, embora a um ritmo mais modesto (e com heterogeneidade entre os segmentos)”.
Margato escreve que o setor segue em trajetória positiva, colhendo frutos: da reabertura econômica; da recuperação sólida do emprego; das maiores transferências de renda do governo; e de medidas de estímulo de curto prazo, como a liberação de saques do FGTS e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas.
Mas a análise do economista da XP aponta que, “apesar da melhoria significativa observada nos últimos meses, a categoria de serviços prestados às famílias ainda mostra faturamento real cerca de 11% abaixo dos níveis vistos antes da crise da Covid-19”. Com o resultado, a casa revisou “sutilmente” o crescimento do PIB do segundo trimestre, de alta de 0,6% para 0,5% na comparação com o primeiro trimestre.
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Comparação anual
Depois de ser fortemente abalado pelas restrições para combate à Covid-19, o setor de serviços vem se recuperando com a reabertura econômica. Mas o cenário é de forte pressão inflacionária, o que corrói o poder de compra dos brasileiros — o que tende a afetar principalmente os serviços prestados à família.
Na comparação com abril de 2021, o volume do setor de serviços avançou 9,4% e registrou a 14ª taxa positiva consecutiva. O resultado foi impulsionado pela expansão em 4 das 5 atividades e de 64,5% dos 166 tipos de serviços pesquisados pelo IBGE.
Entre os setores, os de transportes, serviços auxiliares e correio (+15,5%) e serviços prestados às famílias (+60,8%) foram as principais contribuições positivas. Serviços profissionais, administrativos e complementares (+7,8%) e de informação e comunicação (+1,6%) também contribuíram para a alta.
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A única taxa negativa anual foi a de outros serviços (-7,7%), pressionado especialmente pela menor receita oriunda de corretoras de títulos e valores mobiliários; recuperação de materiais plásticos; administração de bolsas e mercados de balcão organizados; e atividades de apoio à produção florestal.
Desempenho por estado
O setor de serviços cresceu em menos da metade dos estados em abril ante março, na série com ajuste sazonal (12 das 27 unidades da federação). O impacto positivo mais importante veio do Rio de Janeiro (+1,0%), seguido por Espírito Santo (+3,6%), Rio Grande do Norte (+7,9%) e Ceará (+2,4%).
Em contrapartida, São Paulo (-0,5%), Minas Gerais (-2,8%), Distrito Federal (-8,2%) e Rio Grande do Sul (-2,8%) exerceram as principais influências negativas na comparação mensal.
Na comparação anual, com abril de 2021, o avanço de 9,4% no volume de serviços foi acompanhado por um crescimento em 24 das 27 unidades da federação. A principal contribuição positiva ficou com São Paulo (+9,9%), seguido por Minas Gerais (+14,2%), Rio Grande do Sul (+16,8%) e Rio de Janeiro (+4,3%).
Distrito Federal (-1,1%), Rondônia (-4,5%) e Acre (-2,4%) foram os únicos resultados negativos.
(Com Estadão e Reuters)
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