Vacina chinesa em parceria com o Butantan não apresentou efeito colateral em 94,7% dos voluntários, diz estudo

Apesar dos dados sobre efeitos colaterais, resultados finais sobre a eficácia da vacina CoronaVac serão divulgados em outubro

Pablo Santana

(Reprodução/Governo do Estado de São Paulo)
(Reprodução/Governo do Estado de São Paulo)

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SÃO PAULO – O governo de São Paulo anunciou, nesta quarta-feira (23), que 94,7% dos mais de 50 mil voluntários testados na China não apresentaram nenhum efeito colateral após tomar a vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan.

Segundo o relatório sobre os resultados parciais da pesquisa, apresentados durante coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Bandeirantes, apenas 5,36% das pessoas testadas na China apresentaram efeitos adversos de grau baixo, após a imunização: 3,08% dos voluntários desenvolveram dores leves no local da aplicação, 1,53% apresentaram fadigas e 0,21% febre moderada.

Dos voluntários que desenvolveram efeitos considerados mais graves (0,03%), os mais frequentes foram perda de apetite, dor de cabeça e febre acima de 38,5 graus.

Entre as pessoas com mais de 60 anos, a vacina registrou 97% de eficácia no grupo etário nas duas fases de testes.

Vale lembrar que os testes clínicos, em humanos, se dividem em três fases. Nas duas primeiras, os testes são feitos em um número restrito de pessoas e na terceira, que é a última antes da aprovação final da vacina, as doses são aplicadas em milhares de pessoas.

A vacina segue na fase três na China, Brasil e Turquia. Aqui no país, o imunológico começou a ser testado em julho em mais de 9 mil voluntários, em 12 centros de pesquisas. A expectativa é que os estudos da fase três sejam concluídos a partir do dia 15 de outubro.

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“A eficácia será concluída uma vez encerrada a inclusão dos 9 mil voluntários com duas doses vacinais. A partir do dia 15 de outubro teremos acesso aos dados de eficácia, que permitirão o registro da vacina na Anvisa”, disse Dimas Covas, o diretor do Instituto Butantan.  Veja como funciona um acordo de transferência de tecnologia entre laboratórios para a produção de uma vacina.

Segundo o governador João Doria (PSDB), o compromisso da Sinovac com o governo paulista garante 60 milhões de doses da vacina. Destas, 5 milhões serão entregues em outubro, cerca de 46 milhões até 31 de dezembro; e 9 milhões de doses entre janeiro e fevereiro de 2021. Totalizando 60 milhões de doses até fevereiro do próximo ano.

“Deveremos, por óbvio, aguardar a finalização desta terceira e última fase de testagem, os seus resultados e obviamente a aprovação da Anvisa. Mas já em dezembro, na segunda quinzena, poderemos iniciar a imunização de acordo com os critérios de vacinação adotados pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e dentro do protocolo também do Ministério da Saúde”, afirmou Doria.

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Durante a coletiva, o governador também confirmou que o Ministério da Saúde autorizou a liberação de R$ 80 milhões dos recursos solicitados pelo governo estadual para a pasta, que irão auxiliar o Instituto Butantan no processo de produção da vacina.

“Aproveito para agradecer o ministro [da saúde] Eduardo Pazuello e toda a sua equipe pela postura republicana, técnica e correta de enxergar a vacina do Instituto Butantan com a Sinovac, como uma das vacinas necessárias para o povo brasileiro, e por ter uma visão que não é vinculada à nenhuma questão partidária, política ou ideológica. Nós temos que defender a vida e a saúde dos brasileiros, questões políticas não devem ser colocadas à frente da questão da vida”, pontuou o governador.

Os recursos irão ajudar na obra de ampliação da fábrica do Instituto Butantan, que deve ter a reforma concluída até o final de 2021 e operar com plena capacidade em 2022. A fábrica deve aumentar significativamente a produção para ser capaz de suprir a demanda nacional pelo medicamento.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios