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A agência de classificação de risco Moody’s manteve o rating de emissor de inadimplência a longo prazo e moeda estrangeira (IDR, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em Aaa, mas cortou a perspectiva de estável para negativa, apontando para riscos fiscais crescentes no país.
A mudança ocorre num contexto de taxas de juro mais elevadas, sem medidas eficazes de política fiscal para reduzir os gastos do governo ou aumentar as receitas, afirmou a agência. A Moody’s espera que os déficits fiscais dos EUA continuem muito elevados.
A turbulência política em Washington também contribuiu para isso, disse a Moody’s.
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“A polarização política contínua no Congresso dos EUA aumenta o risco de que sucessivos governos não consigam chegar a um consenso sobre um plano orçamental, afirmou a agência.
No que diz respeito à manutenção das classificações do país em Aaa, a Moody’s disse que espera que os EUA “mantenham a sua força econômica excepcional”. “Outras surpresas positivas de crescimento no médio prazo poderiam pelo menos retardar a deterioração da dívida”, afirmou a agência.
“Embora a declaração da Moody’s mantenha a classificação Aaa dos Estados Unidos, discordamos da mudança para uma perspectiva negativa”, disse o vice-secretário do Tesouro, Wally Adeyemo, num comunicado. “A economia americana continua forte e os títulos do Tesouro são o ativo seguro e líquido mais proeminente do mundo”, complementou.
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A decisão da Moody’s de reduzir as suas perspectivas ocorre num momento em que o Congresso enfrenta mais uma vez a ameaça iminente de uma paralisação do governo. O governo receberá financiamento até 17 de novembro, mas os parlamentares em Washington ainda não fizeram um acordo para um novo projeto de lei antes do vencimento deste prazo.
O recém-eleito presidente da Câmara, Mike Johnson (do Partido Republicano) indicou que divulgará um plano de financiamento do governo no sábado, uma medida que daria tempo aos parlamentares para leitura antes da votação esperada sobre a medida na terça-feira.
Mas o seu plano de financiar certas partes do governo até 7 de dezembro, e outras partes até 19 de janeiro, conhecido como resolução contínua escalonada, ou CR, se mostra com poucas chances de se efetivar ao chegar na Casa Branca ou ao Senado controlado pelos Democratas.
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“A decisão da Moody’s de mudar a perspectiva dos EUA é mais uma consequência do extremismo e da disfunção republicana no Congresso”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, num comunicado.
A Moody’s é a única das três principais agências de classificação de risco a atribuir aos Estados Unidos um “triplo A”, que mantém desde 1917.
A Standard and Poor’s cortou o rating dos Estados Unidos pela primeira vez em 2011, na sequência do impasse do teto da dívida, e atualmente é AA+. Em agosto, a Fitch Ratings cortou a nota dos Estados Unidos de AAA para AA+ após o mais recente debate sobre o teto da dívida.