UBS vê cenário otimista de investimento e vacinação ainda em 2021 no Brasil

Segundo o banco de investimentos, aportes em ações e fundos imobiliários estão entre os mais atraentes no Brasil

Érico Lotufo

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SÃO PAULO – Apesar da inflação e do cenário político incerto, um novo relatório do braço brasileiro do UBS, banco de investimentos e serviços financeiros, acredita que ainda há motivos para investir no país.

Segundo o UBS, ainda existem muitas incertezas envolvendo a retomada econômica do país após a pandemia causada pelo novo coronavírus, mas elas devem ser esclarecidas até o final deste ano. “A densa névoa no horizonte [econômico e político] pede uma postura conservadora, mas não defensiva”, diz o relatório. “Na nossa visão, essa névoa deve se dissipar na chegada do verão [21 de dezembro].”

O estudo afirma que muito do pessimismo econômico no país está embutido nos preços atuais, e não deve haver uma piora nas perspectivas futuras. O crescimento da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira que subiu de 2% ao ano para 2,75% ao ano, deve estabilizar a rentabilidade dos títulos para longo prazo e também a cotação do real frente ao dólar americano.

Além da alta na Selic, outro fator de estabilidade é o aumento da vacinação. Segundo projeção da consultoria Eurasia e da Universidade de Washington, até o fim deste ano, o Brasil vai vacinar até 75% dos 160 milhões de adultos no país. Com a maioria da população acima dos 60 anos vacinada até o meio do ano, os institutos acreditam que já no final de maio seja possível que medidas mais restritivas contra a pandemia passem a se tornar desnecessárias.

Especialistas ouvidos pelo InfoMoney consideram otimista esse cenário de vacinação dos adultos brasileiros até o final deste ano. Essa projeção, também feita pelo Ministério da Saúde, é cercada por incertezas.

Com entregas normalizadas de insumos para as vacinas e anúncios recentes de contratos para aquisição de doses, é possível que haja uma aceleração das doses contra a Covid-19. Por outro lado, a disparidade entre os estados brasileiros na decisão de grupos prioritários, distribuição e aplicação das doses; a falta de aprovação sanitária para muitas das vacinas prometidas pelo Ministério da Saúde; e a demora em negociar com os produtores dos imunizantes jogam contra uma imunização completa ainda em 2021.

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Como ficam os investimentos neste cenário?

O relatório do UBS considera que existem duas classes de investimento preferidas para a atual situação econômica, em curto e médio prazo: investimentos em açõesfundos imobiliários e ativos globais.

“Nós entendemos ações locais como de maior preferência, e reiteramos a importância maior de ter um portfólio diversificado para proteger seu dinheiro no médio prazo”, escreve o banco de investimentos. Essa preferência deve ser vista principalmente a partir de maio, quando o UBS espera que os números da pandemia comecem a ser amenizados.

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“A avaliação de mercado das ações brasileiras não estão mais superestimadas, na nossa visão, com seus preços incorporando boa parte das notícias ruins em curto prazo. Um progresso na vacinação manterá o sentimento positivo do mercado, e as próximas eleições aconteceram daqui a 19 meses apenas”, escreve o banco. O UBS revisou para cima suas projeções cambiais, projetando que a cotação do dólar americano ficará em R$ 5 em junho e em R$ 5,5 em setembro a dezembro. Até março de 2022, a cotação do dólar deve continuar em R$ 5,5.

Por mais que o banco destaque as ações brasileiras, ativos globais também estão na lista de aplicações preferíveis. O UBS destaca o pacote de estímulos norte-americano, enquanto o Brasil ainda luta com medidas restritivas em diversas cidades (lockdowns) e com a ameaça de reformas serem colocadas de lado, com o presidente Jair Bolsonaro tentando aumentar seu apelo eleitoral. “Tudo isso aumentou o prêmio exigido pelos investidores para aplicações brasileiras”, escreve o banco de investimentos.

Já nos fundos imobiliários, o UBS enxerga que a taxa básica de juros ainda baixa favorece a alocação em aplicações no setor. Os mercados residencial e de logística já estão em recuperação, e os mercados corporativo e comercial, apesar do longo caminho pela frente, ainda têm abertura para investimentos certeiros, segundo o banco. “Nós mantemos fundos imobiliários entre as alocações preferíveis, com futuro promissor para o setor.”

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O investimento em capital de risco (venture capital e private equity) e os fundos de proteção cambial (hedge) receberam recomendação “neutra” da UBS.

títulos de renda fixa prefixados ou pós-fixados com base na Selic não foram recomendados. O banco de investimentos considera que o aumento na Selic foi positivo e sinaliza uma aproximação com a projeção dos economistas para a inflação brasileira. O banco projeta uma Selic de 5% ao ano, mas uma inflação de 4,2% ao ano.

“Taxas reais de retorno tendem a ser apenas levemente positivas. Não há apelo para ter títulos pós-fixados em um portfólio por razões que não sejam a liquidez. Continuamos colocando os pós-fixados como menos preferíveis. Exposição a aplicações do tipo devem ser feitas apenas por aplicações selecionadas, corporativas e/ou atreladas a instituições financeiras.”

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Já sobre títulos pós-fixados indexados especificamente à inflação, o UBS afirma que “achamos importante manter tais títulos em portfólios nacionais para proteção cambial e diversificação. Mas recomendamos pouca exposição, até que haja mais claridade no futuro do cenário fiscal”. “Por conta dos riscos, precisamos considerar os indexados à inflação como menos preferíveis“, escreve a empresa.

Veja um resumo das recomendações de investimentos feitas pelo UBS, considerando o cenário atual:

Classe de ativo Recomendação do UBS
Títulos pós-fixados pela taxa de juros Menos preferível
Títulos pré-fixados Menos preferível
Títulos corrigidos pela inflação Menos preferível
Ações locais Mais preferível
Fundos de hedge (proteção cambial) Neutra
Fundos imobiliários Mais preferível
Ativos globais Mais preferível
Ativos alternativos (venture capital e private equity) Neutra

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