Por que guerra comercial desencadeada por Trump pode elevar inflação?

Uma estimativa aponta que tarifas levem a um aumento anual de quase US$ 1.000 por família no custo dos produtos

Reuters

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As novas tarifas de 25% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações do México e do Canadá entraram em vigor na terça-feira (4), juntamente com novas taxas sobre os produtos chineses, desencadeando guerras comerciais que podem afetar o crescimento econômico e aumentar os preços para os norte-americanos, que ainda sofrem com anos de inflação alta.

As medidas, que podem afetar quase US$ 2,2 trilhões em comércio anual, foram tomadas depois que Trump declarou que os três principais parceiros comerciais dos EUA não fizeram o suficiente para conter o fluxo de fentanil e seus precursores químicos para os EUA.

Em um discurso ao Congresso, Trump disse que outras tarifas serão aplicadas em 2 de abril, incluindo “tarifas recíprocas” e ações não tarifárias destinadas a equilibrar anos de desequilíbrios comerciais.

“Outros países usaram tarifas contra nós durante décadas, e agora é a nossa vez”, disse Trump, citando as altas taxas impostas aos produtos norte-americanos pela Índia, Coreia do Sul, União Europeia, China e outros.

Mais inflação

As tarifas já estavam provocando alguns aumentos de preços nos EUA, contrariando a promessa eleitoral de Trump de reduzir o custo de vida dos norte-americanos.

O presidente-executivo da Target, Brian Cornell, disse à CNBC que a gigante do varejo aumentará os preços “nos próximos dias” de alguns produtos sazonais de mercearia, como abacates do México.

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A varejista de eletrônicos Best Buy também alertou sobre possíveis aumentos de preços. A presidente-executiva da empresa, Corie Barry, disse a analistas em uma ligação telefônica que a China continua sendo a principal fonte de produtos vendidos pela empresa, com o México em segundo lugar.

A tarifa de 20% sobre as importações chinesas será aplicada a várias categorias importantes de produtos eletrônicos chineses que não foram afetadas pelas tarifas anteriores, incluindo smartphones, laptops, consoles de videogame, relógios e alto-falantes inteligentes e dispositivos Bluetooth.

“Estimamos que as tarifas podem levar a um aumento anual de quase US$ 1.000 por família no custo dos produtos”, disse a economista-chefe da Nationwide Mutual, Kathy Bostjancic. “O fortalecimento do dólar ajuda a mitigar parte do impacto da inflação, que de outra forma seria maior.”

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Uma tarifa extra de 10% sobre os produtos chineses entrou em vigor na terça-feira, somando-se a uma tarifa de 10% imposta por Trump em 4 de fevereiro e às tarifas de até 25% impostas às importações chinesas durante o primeiro mandato de Trump.

As tarifas sobre alguns desses produtos aumentaram acentuadamente durante o governo do ex-presidente Joe Biden no ano passado.

As tarifas retaliatórias da China visaram a uma ampla gama de produtos agrícolas dos EUA, incluindo certas carnes, grãos, algodão, frutas, legumes e laticínios.

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Os agricultores dos EUA foram duramente atingidos pelas guerras comerciais do primeiro mandato de Trump, que lhes custaram cerca de US$27 bilhões em vendas de exportação perdidas e concederam sua participação no mercado chinês ao Brasil.

Reações

O Ministério das Relações Exteriores da China respondeu de forma desafiadora: “Se o que os EUA querem é guerra, seja uma guerra tarifária, uma guerra comercial ou qualquer outro tipo de guerra, estamos prontos para lutar até o fim.”

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse a repórteres que as autoridades dos EUA conversaram com o México e o Canadá “o dia todo” e ainda podem chegar a uma resolução parcial com os dois vizinhos, acrescentando que eles precisam fazer mais na frente do fentanil.

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“Acho que haverá algum movimento. Isso não eliminará as tarifas… mas talvez modifique um pouco as tarifas”, disse ele, indicando uma decisão na quarta-feira (5).

Lutnick disse que Trump estava considerando oferecer algum alívio às empresas que cumprem as regras do Acordo EUA-México-Canadá sobre comércio, que deverá ser renegociado em 2026.

Trump elogiou sua agenda tarifária, seus esforços para conter a crise de overdose de fentanil e um acordo sobre minerais da Ucrânia durante um discurso televisionado nacionalmente para uma sessão conjunta do Congresso na noite de terça-feira.

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O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, descreveu as tarifas como “uma coisa muito idiota de se fazer” e revidou com tarifas de 25% sobre 30 bilhões de dólares canadenses (US$20,7 bilhões) em importações dos EUA, incluindo suco de laranja, manteiga de amendoim, vinho, bebidas alcoólicas, cerveja, café, eletrodomésticos e motocicletas.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, prometeu retaliação, mas sem dar detalhes, dizendo que anunciaria a resposta do México no domingo.

A China respondeu imediatamente, anunciando tarifas adicionais de 10% a 15% sobre determinadas importações dos EUA a partir de 10 de março e uma série de novas restrições de exportação para entidades designadas dos EUA. Posteriormente, a China apresentou reclamações sobre as tarifas dos EUA à Organização Mundial do Comércio.