Tom do comunicado do Fed e falas de Powell são mais esperadas hoje por analistas do que decisão sobre juros

Quase 83% das projeções preveem nova alta de 25 pontos-base hoje, mas há um grau de incerteza sobre movimentos futuros

Roberto de Lira

(Photo by Win McNamee/Getty Images)
(Photo by Win McNamee/Getty Images)

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Com a expectativa quase unânime dos mercados de que o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve deve aplicar mais uma dose de 25 pontos-base na taxa de juros americana nesta quarta-feira (3) – o monitor de juros do CME Group apontava que quase 83% apostam nessa decisão para hoje -, a atenção geral vai estar voltada para o tom do comunicado de política monetária e nas declarações que o presidente do Fed, Jerome Powell, vai dar na sequência. Todos querem captar sinais sobre o fim do ciclo de alta, que deve chegar hoje a 10 reuniões.

Embora quase 80% das projeções no monitor apontem que o Fed deva parar de subir os juros na reunião de junho, ainda há um grau de incerteza se um recado sobre uma possível nova alta possa ser acrescentado no comunicado.

Para os analistas, os sinais de que a economia americana está desacelerando são claros, mas a velocidade desse arrefecimento ainda não é considerada segura. “Uma alta em junho não pode ser descartada nesta fase. É provável que o Fed mantenha algum viés de alta em sua orientação para a taxa básica de juros”, comentaram em relatório os analistas do Bank of America (BofA).

Para o banco, os dados macroeconômicos dos EUA divulgados desde o último encontro do Fed foram mistos, mas ainda amplamente positivos, com o crescimento do consumo público e privado sustentando o sólido crescimento da demanda doméstica no trimestre.

Por outro lado, o investimento residencial e em equipamentos caíram, com o ímpeto diminuindo à medida que o trimestre avançou. Com o aumento médio de três meses das folhas de pagamento privadas em 269 mil e a inflação central do PCE em 4,6% anuais em março, o BofA acreditamos que o Fed estará inclinado a agir com uma nova alta.

A continuidade do estresse do setor bancário é um fator a ser considerado pelo colegiado, segundo o banco, uma vez que não houve sinais de melhora, embora também não esteja piorando. Mas é fato que os empréstimos, principalmente por parte dos pequenos bancos, está perdendo força.

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O BofA destacou que a taxa de crescimento anualizada de 13 semanas no valor nominal dos empréstimos e arrendamentos no crédito bancário aumentou 3,5% até 12 de abril, com os empréstimos comerciais e industriais (C&I) caindo 5,2%.

O banco lembrou que grande parte da contração dos empréstimos nessa categoria vem de pequenos bancos, onde o crescimento dos empréstimos C&I caiu 10%, ante apenas 2,6% nos grandes bancos. “A próxima Pesquisa de Opinião de Agentes de Empréstimos Sênior, que o Fed terá em mãos antes da reunião de maio, provavelmente mostrará padrões e prazos mais rígidos.”

Sobre a declaração pós-Fomc, o BofA disse ser provável que apareça uma frase do tipo “algumas políticas adicionais podem ser apropriadas”, o que enviaria um sinal de que o comitê manterá suas opções em aberto após a reunião de maio, caso os dados recebidos sugiram que é necessário mais aperto.

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“Uma alta em junho não pode ser descartada, uma vez que o Fed verá dois relatórios de emprego e outro de inflação entre as reuniões do Fomc de maio e junho”, lembrou o banco em seu relatório.

Dados mistos

Para a Genial investimentos, os dados da economia americana divulgados ao longo da semana passada mostraram a continuidade do processo de desaceleração da atividade, mas não o suficiente para levar a taxa de inflação para a meta do Fed no horizonte relevante.

Na análise foi citado que o PIB do país mostrou desaceleração, com crescimento de 1,1% no primeiro trimestre de 2023, em termos anualizados, abaixo das previsões dos analistas que apontavam para um crescimento de 1,9% no período.

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Além disso, o índice de confiança dos consumidores atingiu 101,3 pontos, ante expectativas de 104,0 pontos, as vendas no varejo cresceram 9,6%, e o PMI industrial , de 47,1 pontos, veio acima das expectativas.

Ao mesmo tempo, lembrou a Genial, o índice de preços de gastos com consumo (PCE), que é indicador de inflação preferido pelo Fed, variou 4,2% no primeiro trimestre de 2023, acelerando em relação ao quarto trimestre de 2022. E o núcleo do índice mostrou variação de 4,9%, também acelerando em relação ao trimestre anterior e bem acima da meta de 2,0% do Fed.

E o mercado de trabalho continua apertado, com aumento do custo do trabalho acima do compatível com a meta. O índice de custo do emprego aumentou 1,2% no trimestre, acima das expectativas de aumento de 1,0%, e 4,8% em termos anuais. A renda pessoal, por sua vez, cresceu 0,3%, ante expectativas de 0,2%.

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“Diante destes dados, o Federal Reserve deverá aumentar a taxa básica de juros da economia em 0,25 pontos porcentuais em sua reunião, o que levará a taxa ao nível de 5,0% a 5,25% ao ano. E manterá o tom duro do comunicado que se segue à reunião”, prevê a Genial.

Para a Guide Investimentos, com esses últimos indicadores, é amplamente esperado pelo mercado que o colegiado deve aumentar a taxa em 0,25%, colocando a Fed Fund rate no maior patamar desde 2007, entre 5% e 5,25%.

“O que está em jogo é o discurso de Jerome Powell após a decisão, onde os investidores buscarão respostas se este aumento é último do atual ciclo de aperto monetário na maior economia do mundo ou se o Fomc promoverá mais aumentos”, comentou

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Para a Guide, os recentes dados econômicos mostram um dinâmica mais favorável da inflação. “A economia americana dá sinais de desaceleração e a preocupação com uma crise bancária, desde a queda do SVB em março, corroboram com uma pausa após a alta.”