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SÃO PAULO – Nesta terça-feira (2), resultados preliminares sobre a Sputnik V foram publicados na revista científica internacional The Lancet. Segundo a primeira análise independente do imunizante, a eficácia global foi de 91,6% contra casos sintomáticos da Covid-19.
Quebrando o dado em outros cenários, a análise mostrou que a vacina foi 100% eficaz na prevenção de casos moderados e graves da infecção. Na prática, isso demostra que nenhum dos vacinados teve uma evolução mais grave do quadro da Covid-19.
Com a publicação dos resultados, a Sputnik V torna-se o quarto imunizante a ter uma análise postada em algum periódico científico após análise de outros cientistas – processo padrão no meio acadêmico para certificar o desenvolvimento de um novo medicamento. Antes da Sputnik V, as vacinas da Pfizer, Oxford/AstraZeneca e Moderna já tiveram suas eficácias divulgadas para a comunidade científica.
Embora a CoronaVac já tenha apresentado sua eficácia publicamente, os resultados de fase três ainda não foram detalhados em uma publicação para a comunidade científica. Essa vacina, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac, é o principal imunizante na campanha brasileira contra a Covid-19.
Apenas 16 infectados entre quase 15 mil vacinados
A análise dos resultados, além de mostrarem uma eficácia global acentuada, apontaram para uma eficácia maior nos idosos com mais de 60 anos de idade. Nesse grupo, de cerca de 2 mil voluntários, a eficácia do imunizante foi de 91,8%.
A análise foi feita com resultados de 19.866 participantes da fase três de testes. Desses, 14.964 tomaram a vacina. 4.902, um placebo. Houve 16 casos de Covid-19 entre os vacinados (0,1%) e 62 entre os não vacinados (1,3%).
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O ensaio clínico de fase três ainda está em andamento, para efeitos de monitoração de segurança continua. Os pesquisadores esperam aumentar o número de voluntários para 40 mil nos próximos meses.
O cálculo para determinar a eficácia do imunizante levou em consideração apenas os casos sintomáticos da doença – assim como fizeram todos os outros laboratórios que desenvolveram outras vacinas. Mais uma observação feita pelos cientistas é que ainda não é possível determinar a duração da proteção que a vacina oferece, porque os dados foram analisados apenas cerca de 48 dias após a primeira dose.
Vacina de vetor viral
Diferentemente do método tradicional da CoronaVac, que utiliza o vírus inativado na vacina, ou das novas tecnologias envolvendo o RNA mensageiro das vacinas da Moderna e da Pfizer, a Sputnik V utiliza um vetor viral.
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Nesse método de desenvolvimento, a vacina utiliza um outro vírus (nesse caso, o adenovírus) para carregar o matéria genético do coronavírus para dentro do nosso corpo. O objetivo é ajudar o sistema imune do paciente a criar uma resposta imunológica mais poderosa. Vale lembrar que o adenovírus é modificado para não conseguir se replicar (reproduzir) e, por isso, ele não é capaz de causar uma doença.
A Sputnik V chega ao Brasil?
A vacina russa, que chegou a ter seu aval de uso emergencial impedido no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), continua na corrida para conseguir participar da vacinação pelo país.
Há um acordo entre o Instituto Gamaleya, da Rússia, e o laboratório brasileiro União Química para a transferência de tecnologia entre os centros de pesquisa e a produção e distribuição da Sputnik V pelo laboratório brasileiro. No final de janeiro, representantes da União Química se reuniram com a Anvisa para apresentar mais detalhes sobre o imunizante, mas sem nenhuma alteração na posição da agência.
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Uma nova reunião deverá ser marcada entre o órgão sanitário e os representantes da vacina russa, para avançar na discussão sobre o pedido de autorização para uso em caráter emergencial no Brasil. Ainda não há uma data fechada.
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