S&P diz que não tomará “decisão precipitada” no rating do Brasil

“O rating é baixo e ainda reflete bem todos os desafios", disse Livia Honsel, analista da S&P Global Ratings responsável pela nota do país.

Bloomberg

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(Bloomberg) — O rating do Brasil “já é baixo” e reflete bem os desafios fiscais do país, mesmo após a turbulência política sobre planos do governo para financiar o novo programa social Renda Cidadã, disse Livia Honsel, analista da S&P Global Ratings responsável pela nota do país.

“Não queremos tomar decisões precipitadas”, disse em entrevista, sobre a possibilidade de alterar a perspectiva do rating BB- de estável para negativa ou até mesmo rebaixar a nota. “O rating é baixo e ainda reflete bem todos os desafios.”

A S&P alterou a perspectiva do rating do Brasil de positiva para estável em abril, citando as incertezas trazidas pela pandemia e a expectativa de que a agenda de reformas evoluiria mais lentamente que o esperado. A agência foi a primeira entre as três maiores a retirar o grau de investimento do país em 2015.

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Agora, a agência poderia tomar uma ação negativa se não houver mais visibilidade sobre a trajetória fiscal em 2021 e permanecerem as incertezas sobre o compromisso de consolidar as contas ou se houver “desafios maiores quanto ao financiamento da dívida”.

“Por enquanto pensamos que não é um risco de curto prazo, mas se ao passar dos meses a situação se tornar mais desafiadora poderíamos considerar que o Brasil tem um perfil mais fraco, na categoria dos B. Mas essa é uma diferença importante,” afirmou.

Renda Cidadã

Na semana passada, a ideia apresentada pelo governo de financiar o Renda Cidadã com recursos do pagamento de precatórios e do Fundeb, fundo que financia a educação, foi mal recebida no mercado financeiro e acabou sendo abandonada após críticas públicas do próprio ministro da Economia, Paulo Guedes.

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A decisão sobre como o governo vai bancar o programa, em meio ao aumento de gastos com a pandemia, foi adiada para o final do ano.

Para Livia, “nenhuma solução vai ser perfeita do ponto de vista do rating” e usar contabilidade criativa “não é o melhor sinal” quanto à transparência e ao compromisso fiscal.

Furar o teto de gastos também não é ideal, mas isso não levaria necessariamente a ação imediata no rating, segundo ela. “Teria que ver se é temporário ou permanente, o que poderia compensar a despesa fora do teto.”

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O encurtamento da dívida brasileira e a dificuldade do Tesouro de refinanciar obrigações com prazos mais longos também são riscos crescentes aos quais a agência está atenta, embora Livia não veja a situação como um “problema de financiamento” e sim como um “desafio crescente”.

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