Sondagem da CNI mostra moderação no otimismo industrial em setembro

O índice de evolução da produção industrial foi de 48,8 pontos em setembro de 2024, abaixo dos 54,3 de julho e dos 52,2 de agosto

Roberto de Lira

Indústria siderúrgica. (Foto: Karan Bhatia/ Unsplash)
Indústria siderúrgica. (Foto: Karan Bhatia/ Unsplash)

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A produção da indústria brasileira em setembro teve seu primeiro recuo após dois meses de alta, enquanto o uso da capacidade teve estabilidade. Mas o índice de expectativa de demanda caiu, bem como o indicador de evolução do preço de matérias-primas. Os dados são da Sondagem Industrial divulgados nesta sexta-feira (18) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

“Nesse contexto, os indicadores de expectativa revelam moderação do otimismo em outubro”, comentou a entidade em nota.

O índice de evolução da produção industrial foi de 48,8 pontos em setembro de 2024, abaixo dos 54,3 de julho e dos 52,2 de agosto.  A CNI destaca que houve redução da produção tanto nas pequenas, como nas médias e nas grandes empresas.

O índice de evolução do número de empregados atingiu 51,1 pontos em setembro, no 3º mês consecutivo em patamar positivo. Esse avanço foi puxado pelas indústrias de médio e grande porte, uma vez que houve recuo do emprego industrial nas empresas de pequeno porte.

Ainda segundo a Sondagem, na passagem de agosto para setembro de 2024, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) se manteve estável em 72%, 1 ponto percentual (p.p.) acima da média dos meses de setembro da série histórica, de 71%. Esse é o sexto mês consecutivo em que a UCI se mantém acima da média histórica mensal.

Já o indicador de evolução do nível de estoques atingiu 49,2 pontos em setembro, ante 49,6 no mês anterior.

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O índice de facilidade de acesso ao crédito atingiu 42,9 pontos no 3º trimestre de 2024, após avançar 1,6 ponto em relação ao 2º trimestre do ano. Embora o índice permaneça abaixo da linha divisória, revelando dificuldade de acesso ao crédito, o avanço do indicador entre os trimestres revela uma melhora nessa percepção de dificuldade, diz a CNI.

O indicador de evolução do preço de matérias-primas, por sua vez, atingiu 62,9 pontos, um avanço de 1,6 ponto na passagem para o 3º trimestre de 2024.

No terceiro trimestre de 2024, a elevada carga tributária foi reportada como o problema mais enfrentado pela indústria, segundo a Sondagem. Esse problema, que segue sendo o mais citado desde o último trimestre de 2023, foi citado por 33,6% dos empresários industriais entrevistados.

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O segundo problema mais enfrentado no trimestre foi a falta ou alto custo de matéria prima, assinalada por 24,9% dos empresários industriais. A falta ou alto custo do trabalhador qualificado, que no trimestre anterior ficou em 6º lugar no rol de principais problemas, atingiu a terceira posição da lista no 3º trimestre de 2024.

No trimestre, destacam-se também os problemas de taxas de juros elevadas e dificuldades na logística de transportes. Embora não tenha mudado de posição na lista (5ª posição), o problema de taxas de juros elevadas teve um aumento de 2,3 p.p. de assinalações na passagem para o 3º trimestre de 2024.

O índice de expectativa de demanda atingiu 56,3 pontos em outubro, após recuar 1,4 ponto frente ao índice de setembro. Já o indicador de expectativa de compras de matérias[1]primas atingiu 54,3 pontos no mês, após recuar 1,3 ponto frente ao resultado de setembro.

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Segundo a CNI, a redução dos indicadores entre os meses revela uma redução no otimismo em relação às expectativas de demanda do setor e de compra de matérias-primas industriais nos próximos seis meses. “A despeito desses recuos, ambos os índices permanecem acima da linha divisória do indicador, revelando otimismo por parte dos empresários industriais.”

O indicador de intenção de investimento atingiu 58,3 pontos em outubro de 2024, após avançar 0,2 ponto em relação ao resultado de setembro. Com a alta, o índice encontra-se 6,2 pontos acima da média histórica da série, de 52,1 pontos.