“Será possível construir seu próprio banco”, diz diretor do BC em live sobre Open Banking

Otávio Damaso participou de live da XP Inc. sobre o tema e explicou como o consumidor pode usar o OB a seu favor; segunda fase começa em 13 de agosto

Giovanna Sutto

(Getty Images)
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SÃO PAULO – O cheque especial pode custar caro para o consumidor. Mesmo com o teto de 8% ao mês, pode chegar a cerca de 151% ao ano. Imagine a possibilidade em que você possa escolher o banco que oferece o melhor o limite e as melhores condições de cheque especial.

Mesmo se você não tiver conta nessa instituição, você tem o poder de decisão para enviar seus dados e usar o melhor cheque especial disponível no mercado, se precisar e quiser. E mais: você poderia fazer isso em alguns cliques e de casa.

Esse exemplo do que o Open Banking pode proporcionar ao consumidor foi compartilhado por Otávio Damaso, diretor de regulação do Open Banking, durante um painel promovido pela XP Inc., nesta terça-feira (13). Considera que um cliente tem dados na instituição A, mas viu que a instituição B oferece melhores condições.

“Ele compartilha seus dados com o banco B e dá sua autorização expressa para que o banco B em posse desses dados possa a acompanhar diariamente a movimentação na conta depósito desse cliente, por exemplo. Quando a conta fica negativa, o banco B já oferece um crédito alinhado com o perfil do cliente já com o custo menor. Hoje não temos concorrência com o cheque especial, ninguém muda de banco por causa do cheque especial – mesmo com juros altos e limites baixos”, disse Damaso.

Exemplos como esse podem se tornar realidade no Brasil em breve. Isso porque a segunda fase do Open Banking no Brasil vai começar em 13 de agosto, e ela será o pontapé inicial para transformações como as citadas surgirem. Essa etapa faz parte das quatro fases previstas para começar ainda neste ano.

O InfoMoney publicou no último sábado o especial chamado “Big Bank, nasce um novo universo financeiro” que destrincha o funcionamento e os impactos do Open Banking no Brasil.

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Benefícios para o consumidor

Damaso resumiu os benefícios que o Open Banking deve trazer para o consumidor. “Será possível construir seu próprio banco, obtendo os melhores produtos de cada instituição; vai reduzir a assimetria de informação e as inércias do mercado; vai intensificar a concorrência e trazer mais conveniência para o consumidor”, afirmou.

Ele pontua que o sucesso do Open Banking vai depender de o consumidor identificar que o compartilhamento de seus dados pode trazer benefícios. Os bancos só poderão fazer isso com o consentimento dos clientes.

“Na prática, o cliente só vai autorizar o banco B a pegar os dados do banco A, no qual tem conta, quando identificar que o B tem um produto melhor ou complementar ao que ele tem no A. No nosso dia a dia isso já acontece: no celular temos diversos apps, um que me ajuda no transporte pessoal, outro que entrega alimentação, mercado, outro que ajuda a fazer gestão de contas”, disse Damaso.

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“E para cada um desses você identificou um benefício, autorizou ele a ter informações que precisa sobre você para oferecer o serviço e você se beneficiou disso de alguma forma. No sistema financeiro não vai ser diferente”, pontuou.

Com o Open Banking, o consumidor vai poder agregar produtos e serviços financeiros de diferentes instituições em um único lugar.

“Se hoje a nossa vida está no mobile, ou seja, tudo que a gente faz olhamos o celular para acessar o apps. No futuro vamos poder acessar um app só que agregue tudo isso e dê a comodidade para o gerenciamento da vida financeira”, explicou Damaso.

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José Berenguer, CEO do Banco XP, que também participou da live acrescentou que o Open Banking pode ser resumido como uma ferramenta de gestão financeira muito mais acessível e completa e que vai permitir que o cliente tenha muito mais opções de qualidade.

“O cliente é o centro do Open Banking. Ele terá mais poder na hora de decidir o produto financeiro que quer, de quem vai comprar, como vai comprar, quando e como fará isso. A competição vai aumentar e o benefício vai ser do cliente”, disse.

Agenda de inovação do BC

O Open Banking é uma das principais iniciativas de inovação junto com o Pix, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo BC.

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“O que o BC está entregando é uma plataforma tecnológica através da fluidez das informações, com a possibilidade de gerar novos modelos de negócios, novos produtos e serviços com redução do custo e customização para o cidadão”, disse Damaso.

Segundo ele, esse conceito do Open Banking vai incentivar todas as instituições participantes do ecossistema a desenvolver novas soluções.

“Isso se encaixa dentro de uma iniciativa bem mais ampla do BC de fomentar a competição, inclusão e trazer maior eficiência para o sistema financeiro, facilitando a entrada de novos players”, avaliou.

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“Hoje o sistema financeiro é bem diferente do que o que tínhamos cinco anos atrás e com certeza daqui cinco anos será muito diferente também. O Open Banking vai transformar o sistema financeiro nos próximos anos”, disse o diretor do BC.

Ainda, Damaso ressaltou que a experiência internacional ajudou muito o BC a achar o melhor formato de Open Banking por aqui. Países como Reino Unido, Austrália, México, EUA, entre outros já deram passos nessa direção.

“Cada país tem um objetivo específico para implementar: pode ser a inovação, a inclusão, a adaptação a LGPD local, busca por mais competição, etc. No Brasil, estamos fazendo um  pouco de tudo isso. É um Open Banking super abrangente e queremos incorporar todos esses aspectos na nossa regulação. Será o amplo possível”, afirmou.

Dados são o ouro

Damaso destacou a importância dos dados para o sistema financeiro daqui para frente. “O bem mais valioso do Open Banking é o dado, isso é ouro. É o elemento mais precioso para desenvolvimento de novos serviços e produtos. Os vão fluir através do ecossistema Open Banking, de forma detalhada, padronizada e por meio digitais rápidos e eficientes. E o desafio fica para as empresas tirarem o melhor disso”, disse.

Na XP Inc., o trabalho é árduo nesse sentido: Bruno Guarnieri, CTO da empresa, afirmou que o Open Banking chega para solucionar os problemas em diversos aspectos, como os de oferta e os de experiência.

“Isso vai exigir que cada vez mais a gente conheça o cliente e entenda a necessidade dele. Ninguém poderá ser simplesmente um provedor. É preciso considerar: como atender melhor o seu cliente a partir dos dados que teremos em mãos? E a experiência é o ‘end game’ sobre como levar o melhor para o cliente usar”, avaliou.

Veja a live completa: 

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.