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SÃO PAULO – A Rússia está se preparando para iniciar uma campanha de vacinação em massa contra o coronavírus em outubro.
Segundo informações da agência russa RIA, o ministro da Saúde do país, Mikhail Murashko, afirmou que os testes clínicos de uma possível vacina contra o coronavírus, produzida pelo Instituto Gamaleya, com sede em Moscou, foram concluídos com sucesso e os resultados mostraram uma “resposta imune em todos os indivíduos, sem efeitos colaterais ou complicações”.
O laboratório por trás da vacina busca agora a aprovação regulatória para o medicamento antes de iniciar a campanha de vacinação.
Profissionais de saúde e professores seriam os primeiros a serem vacinados, de acordo com o ministro, enquanto a vacinação em massa está prevista para acontecer a partir de outubro. O governo russo prevê 200 milhões de doses produzidas neste ano.
Com esse movimento, a Rússia será o primeiro país do mundo a imunizar sua população contra o Sars-CoV-2, um passo importante no combate à pandemia, que já matou mais de 689 mil pessoas ao redor do mundo.
Apesar do avanço divulgado pelo governo, a comunidade internacional tem encarado as informações divulgadas pela Rússia com um certo ceticismo, fruto das tensões geopolíticas existentes ao redor dos esforços dos países em encontrar sua própria vacina para o coronavírus.
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Em uma audiência no Congresso americano na última sexta-feira, Anthony Fauci, cientista-chefe da Casa Branca, questionou os sistemas de testagem de vacinas da Rússia e China. “Espero que chineses e russos estejam realmente testando a vacina antes de administrá-la a alguém. Não acredito que haverá vacinas, tão à nossa frente, que teremos que depender de outros países para obtê-las”, disse Fauci.
O jornal britânico Telegraph informou no último sábado que Londres provavelmente rejeitaria a vacina russa por conta de dúvidas sobre o seu processo experimental. A Rússia não divulgou dados científicos sobre a segurança e eficácia de sua vacina.
No mês passado, a Rússia foi acusada por autoridades dos EUA, Canadá e Grã-Bretanha de tentar invadir e roubar dados da vacina contra o coronavírus. A China também foi acusada por Washington de invadir sistemas de computadores de empresas que trabalham com uma vacina Covid-19. Ambos os países negaram as acusações.
Atualmente existem diversas vacinas sendo desenvolvidas em todo mundo, sendo que quatro delas estão na fase de testes mais avançados. As americanas Moderna e Pfizer já iniciaram a testagem em humanos e esperam concluir seus estudos até o final do ano. A vacina AstraZeneca-Oxford, que está sendo testada no Brasil, é outra possível vacina que segue com os testes em humanos.
Quem também segue avançada no seu desenvolvimento é o imunológico produzido pelo Instituto Butantan em parceria com a chinesa Sinovac Biotech. Os testes envolvem cerca de 9 mil profissionais de saúde que se voluntariaram para receber as doses da vacina em 12 centros espalhados pelo Brasil. A previsão é que os resultados fiquem prontos entre o final de outubro e início de novembro.
Em coletiva na última semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que pretende dobrar a capacidade de produção de 60 milhões para 120 milhões de doses, com recursos doados pela iniciativa privada, e disse que a vacina poderá ser distribuída em larga escala para a população brasileira já a partir de janeiro.