Rússia bate recorde de mortes por Covid-19 em um único dia e acende alerta global para nova onda da pandemia

Com baixo índice vacinal, de 34%, país governado por Vladimir Putin enfrenta elevada contaminação mesmo após duríssimas regras de confinamento

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Diante do avanço da vacinação, vários países ao redor do mundo estão flexibilizando as medidas de restrição contra o coronavírus, um incentivo para a população voltar a circular por praias, parques, shoppings, cinemas, bares e até festas.

Mas a volta precoce à normalidade tem seu custo, com novas ondas de contaminação. É o caso da Rússia. Nesta terça-feira (9), o país atingiu um novo recorde de mortes por Covid-19 em um único dia mesmo sob duríssimas regras para contenção das infecções.

O governo de Vladimir Putin implementou um recesso nacional entre 30 de outubro e 7 de novembro para manter as pessoas em casa, mas os números trágicos seguem aumentando: foram mais 1.211 óbitos confirmados no país nas últimas 24 horas. Desde o início da pandemia, a Rússia já perdeu 234 mil vidas e registrou 9,7 milhões de casos confirmados, de acordo com os dados do Our World in Data.

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Entre esta segunda (8) e terça, cinco regiões do país já prorrogaram o recesso. Em outras localidades, o acesso a teatros, cinemas e restaurantes só foi liberado para quem está completamente vacinado, recuperado da doença ou que apresente teste negativo.

Somente 34% da população russa está completamente vacinada, mesmo o país, de 144 milhões de habitantes, ser o pioneiro no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, a Sputinik V. O imunizante, que não foi aprovado no Brasil, foi desenvolvido pelo Instituto Gamaleya em parceria com o Ministério da Defesa e lançado ainda em dezembro de 2020.

O governo de Putin tenta estimular as pessoas a aceitarem a vacina já que o novo surto se deve à baixa taxa de imunização, de acordo com o governo local.

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Em entrevista à BBC da Rússia, a antropóloga Alexandra Arkhipova, pesquisadora da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e Administração Pública, explicou que há uma desconfiança por parte da população sobre os procedimentos médicos empregados no país, que também acabam interferindo sobre o uso da Sputnik V.

Alerta global

O caso da Rússia não é isolado e serve de alerta para os planos de retomada da economia dos demais países.

Hans Kluge, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, afirmou que a região voltou ser o epicentro da pandemia. O ritmo de transmissão nos países do bloco europeu é muito alto, disse Kluge em coletiva de imprensa. “Se mantivermos a trajetória, podemos ter outro meio milhão de mortos até fevereiro”.

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Entre os motivos que podem ter levado ao aumento de infecções estão a baixa vacinação, a flexibilização precoce e a circulação de novas variantes, como a Delta – mais transmissível e letal do que as demais cepas.

Em relação à baixa taxa de vacinação, alguns países vêm tomando medidas mais drásticas. É o caso de Cingapura, que anunciou que não vai arcar com tratamento médico para Covid-19 para quem decidir não se vacinar. A medida entra em vigor em 8  de dezembro.

No Brasil, a vacinação que começou de forma tardia vem surtindo efeito, pelo menos por enquanto: cerca de 58% da população já está completamente vacinada e, pela primeira vez desde o início da pandemia, não houve mortes em São Paulo e em outros sete estados nesta segunda (8). No entanto, o Brasil contabiliza pouco mais de 609 mil vidas perdidas para o coronavírus.

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Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.