Revisões de alta para o PIB são como GPS recalculando a rota, diz Galípolo

Atual diretor de Política Monetária e futuro presidente do BC, Galípolo disse que o dinamismo da atividade econômica mesmo com juros restritivos intriga o Banco Central

Estadão Conteúdo

Gabriel Galípolo, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Gabriel Galípolo, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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O diretor de Política Monetária do Banco Central e futuro presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira (14) que o dinamismo da atividade econômica, mesmo com uma taxa de juros restritiva, tem chamado a atenção do Comitê de Política Monetária (Copom).

Ele destacou que, nos últimos anos, tem sido comum os analistas aumentarem ao longo do tempo as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Durante o evento Itaú BBA Macro Vision 2024, Galípolo comparou esse fenômeno ao de um GPS de um aplicativo de transporte. “Ao longo do trânsito, conforme o aplicativo de trânsito ia recalculando o tempo estimado, eu fui pensando como aquilo é um pouco parecido com as nossas projeções de crescimento ao longo dos últimos anos”, afirmou o diretor, citando seu próprio deslocamento para a palestra.

Segundo o futuro presidente do BC, a expectativa tanto da autoridade monetária, como do mercado, era de alguma desaceleração no ritmo de crescimento da economia, acompanhada de uma abertura do hiato do produto [a diferença entre o PIB potencial e o realizado].

“Após várias surpresas sucessivas, acabamos fazendo essa mudança relevante do hiato para um campo positivo”, afirmou, referindo-se à revisão da estimativa de hiato que apareceu no último ciclo de comunicações do Copom.

Para Galípolo, a robustez do mercado de trabalho sinaliza a necessidade de maior cautela na condução da taxa Selic, já que indica um processo de desinflação mais lento e mais custoso. “A posição do Banco Central é sempre de ser mais conservador”, comentou o futuro presidente do BC.

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Sobre esse dinamismo do mercado de trabalho, Galípolo afirmou que várias explicações são possíveis – incluindo uma redução da taxa neutra de desemprego (Nairu, na sigla em inglês), em função de reformas e mudanças tecnológicas. Mas, reforçou, o papel do BC é ser conservador nesses casos.