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SÃO PAULO – Após dois anos apontando para dois minutos para meia-noite, o Relógio de Juízo Final foi ajustado nesta quinta-feira (23) para apenas 100 segundos antes do apocalipse. E pela primeira vez o Brasil foi citado como um dos culpados por esta piora de projeção.
O relógio simbólico foi criado pelos diretores do Boletim dos Cientistas Atômicos (BAS, na sigla em inglês) da Universidade de Chicago e, historicamente, media o risco de uma guerra nuclear, onde meia-noite representa a destruição do planeta. Porém, desde 2007, ele também pesa os efeitos das mudanças climáticas.
Os dois minutos para a meia-noite que foram ajustados em 2018 eram, até agora, o pior nível já registrado pelo relógio. Em 1953 o aparato teve a mesma marca após Estados Unidos e União Soviética testarem suas bombas de hidrogênio.
“A humanidade continua a enfrentar dois riscos existenciais simultâneos – guerra nuclear e mudança climática – que são ampliados por um multiplicador de ameaças, a guerra cibernética de informação, que mina a habilidade da sociedade em responder”, diz o comunicado do Boletim.
E foi na questão ambiental que o Brasil foi citado como culpado. “No ano passado, alguns países agiram para combater a mudança climática, mas outros – incluindo os EUA, que deixaram os Acordos de Paris, e o Brasil, que desmantelou políticas que protegiam a floresta amazônica – deram vários passos para trás”, afirma o comunicado.
O Boletim citou ainda como evidências de que o mundo está mais perto do fim o fracasso da conferência das Nações Unidas sobre o clima, em Madrid, além da elevação da emissão de gases do efeito estufa e o que chamaram de série de eventos extremos, como incêndios de grandes proporções “do Ártico à Austrália”.
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Por fim, o grupo de cientistas fez algumas sugestões para mudar o cenário. Na área nuclear, eles falam na retomada de negociações de acordos, enquanto no meio ambiente sugerem a adesão aos parâmetros dos Acordos de Paris, com cobrança da população por uma mudança de posição do governo Trump.
Já no campo tecnológico, eles reforçam a necessidade de criação de normas internacionais penalizem e disciplinem o uso da ciência e da informação, sob risco de erosão das democracias.
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