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SÃO PAULO – A produção industrial brasileira despencou 18,8% em abril na comparação com março, mostrou nesta quarta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), queda mais acentuada desde o início da série histórica, em 2002. Esse é o segundo mês seguido de queda na produção, acumulando nesse período perda de 26,1%. No mês anterior, a atividade da indústria já havia registrado uma contração de 9,1%.
Apesar da forte variação negativa em abril, a expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg era ainda pior, apontando para uma queda de 28,3% no indicador.
Já na comparação anual, a retração de abril foi de 27,2%, menos que a mediana das projeções, que era de um recuo de 36,1%. Em março, a queda da produção industrial havia sido de 3,8% sobre o mesmo mês do ano passado.
A redução da atividade industrial é reflexo da quarentena, que paralisou fábricas nos principais centros produtores do País. É o primeiro dado a refletir um mês inteiro de isolamento social, visto que março teve apenas pouco menos da metade do mês com quarentena.
A indústria acumulou redução de 8,2% no ano. No acumulado em 12 meses, a indústria recuou 2,9%.
A forte queda do resultado se refletiu na expansão do número de segmentos com taxas negativas, que atingiram todas as quatro grandes categorias econômicas e 22 dos 26 ramos pesquisados, evidenciando o aprofundamento das paralisações em diversas plantas industriais, devido ao isolamento social por conta da pandemia da COVID-19. O índice de média móvel trimestral caiu 8,8% em abril de 2020 frente ao nível do mês anterior, intensificando o recuo de 2,4% verificado em março.
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O recuo de 18,8% da atividade industrial na passagem de março para abril de 2020 teve perfil generalizado de queda, alcançando todas as grandes categorias econômicas e a maior parte (22) dos 26 ramos pesquisados.
Entre as atividades, a influência negativa mais relevante foi assinalada por veículos automotores, reboques e carrocerias (-88,5%), pressionada, em grande medida, pelas paralisações/interrupções da produção ocorridas em várias unidades produtivas, por conta dos efeitos causados pela pandemia da COVID-19. Com isso, esse ramo intensificou o recuo observado no mês anterior (-28,0%) e apontou a queda mais intensa desde o início da série histórica.
Outras contribuições negativas relevantes sobre o total da indústria vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-18,4%), de metalurgia (-28,8%), de máquinas e equipamentos (-30,8%), de bebidas (-37,6%), de produtos de borracha e de material plástico (-25,8%), de produtos de minerais não-metálicos (-26,4%), de produtos de metal (-26,8%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-33,8%), de outros equipamentos de transporte (-76,3%), de couro, artigos para viagem e calçados (-48,8%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-37,5%), de produtos têxteis (-38,6%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-26,0%), de outros produtos químicos (-7,3%), de produtos diversos (-30,6%) e de móveis (-36,7%).
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Por outro lado, entre os três ramos que ampliaram a produção nesse mês, os desempenhos de maior importância para a média global foram registrados por produtos alimentícios (3,3%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,6%), com ambos voltando a crescer após recuarem no mês anterior: -1,0% e -11,0%, respectivamente.
Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a março de 2020, bens de consumo duráveis, ao recuar 79,6%, teve a queda mais acentuada em abril de 2020, influenciada, em grande parte, pela menor fabricação de automóveis. Essa redução foi a mais intensa desde o início da série histórica e marcou o terceiro mês seguido de queda na produção, com perda acumulada de 84,4% nesse período.
O segmento de bens de capital (-41,5%) também teve redução mais elevada do que a média nacional (-18,8%) e marcou a queda mais acentuada desde o início da série histórica.
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Os setores produtores de bens intermediários (-14,8%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-12,4%) também tiveram recuo na produção, com o primeiro intensificando a queda registrada no mês anterior (-3,7%); e o segundo prosseguindo com o comportamento negativo presente desde novembro de 2019 e acumulando nesse período perda de 25,2%. Esses dois segmentos tiveram os resultados negativos mais intensos de suas séries históricas.