Produção industrial cai 2,4% em março, segundo mês seguido de retração, mas resultado é melhor do que o esperado

A estimativa, segundo consenso Refinitiv, era de queda de 3,5% na comparação com fevereiro e de avanço de 7,6% frente março de 2020

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)
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A produção industrial nacional caiu 2,4% em março em relação ao mês anterior e intensificou a perda de 1,0% que havia sido registrada em fevereiro, quando houve a interrupção de nove meses de resultados positivos, segundo informações da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A estimativa, segundo compilação feita pela Refinitiv com economistas, era de queda de 3,5% na comparação com fevereiro e de avanço de 7,6% frente março de 2020.

O recuo de março teve predomínio de taxas negativas entre as atividades industriais investigadas e foi puxado principalmente pela queda de 8,4% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias.

Com os resultados desse mês, o setor industrial encontra-se 16,5% abaixo do patamar recorde registrado em maio de 2011. A indústria acumula no ano crescimento de 4,4% e, nos últimos 12 meses, queda de 3,1%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (5) pelo IBGE.

O gerente da pesquisa, André Macedo, explica que o aprofundamento do recuo do setor industrial, em março, é relacionado à intensificação das medidas de combate à Covid-19. “Esses dois resultados negativos têm como pano de fundo o próprio recrudescimento da pandemia. Isso faz com que haja maior restrição das pessoas, o que provoca a interrupção das jornadas de trabalho, paralisações de plantas industriais e atrapalha toda a cadeia produtiva, levando ao encarecimento e à falta de insumos para o processo produtivo. Isso afeta o processo de produção como um todo”, diz.

O pesquisador destaca que, de maio de 2020 a janeiro de 2021, houve ganho acumulado de 40,1%, o que fez a produção industrial superar o patamar pré-pandemia. “Nesse período, houve um ganho de 3,5% acima do patamar de fevereiro de 2020. Mas, com as perdas de fevereiro e março deste ano, nós zeramos esse acumulado que tinha até o mês de janeiro. De modo que o patamar de março de 2021 é exatamente o mesmo do pré-pandemia”, explica.

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Principal influência negativa entre as atividades, o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias registrou -8,4%, terceiro resultado negativo consecutivo, acumulando nesse período perda de 15,8%. Esse comportamento recente interrompe uma sequência de oito meses de taxas positivas que acumularam expansão de 1.196,9%.

“O recuo nos veículos automotores, reboques e carrocerias foi especialmente afetado pela redução na produção dos automóveis e de autopeças. Houve nessa atividade uma série de interrupções de processos de produção, paralisações e férias sendo concedidas. Isso justifica a queda de 8,4%”, afirma Macedo.

Ainda nas influências negativas, destacaram-se as atividades de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-14,1%), de outros produtos químicos (-4,3%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,4%), de couro, artigos para viagem e calçados (-11,2%), de produtos de borracha e de material plástico (-4,5%), de bebidas (-3,4%), de móveis (-9,3%), de produtos têxteis (-6,4%) e de produtos de minerais não metálicos (-2,5%).

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Os principais impactos positivos vieram das indústrias extrativas (5,5%), outros equipamentos de transporte (35%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%). “Essas atividades estão repondo perdas observadas em meses anteriores. Elas estão com taxas positivas nesse mês porque as perdas anteriores foram muito acentuadas e esse é um crescimento natural”, destaca.

A queda de março foi acompanhada por três das grandes categorias econômicas e pela maioria dos ramos pesquisados. A categoria bens de consumo semi e não duráveis caiu 10,2%, a maior perda desde abril de 2020, quando havia registrado -12,6%. Os bens de consumo duráveis (-7,8%) e os bens de capital (-6,9%) intensificaram as perdas registradas no mês anterior. Já o setor produtor de bens intermediários (0,2%) foi o único a registrar taxa positiva.

Comparação anual

Na comparação com março de 2020, a produção industrial cresceu 10,5%, a taxa mais elevada desde junho de 2010 (11,2%). É o sétimo mês de crescimento consecutivo nesse indicador. O pesquisador explica que o resultado se deve à base de comparação baixa, uma vez que o setor recuou 3,9% em março de 2020, e também ao efeito-calendário. Neste ano, o mês de março teve um dia útil a mais do que no ano anterior.

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“No confronto interanual, a produção industrial mostra não somente uma taxa de crescimento de dois dígitos, mas também essa configuração de taxas positivas bastante disseminadas. Mas é preciso fazer essa ressalva: a base de comparação é baixa porque, em março de 2020, o setor industrial já estava sendo afetado por todo aquele movimento de isolamento social em função da pandemia de Covid-19. Muito desse crescimento mais amplo tem uma relação direta com isso”, afirma Macedo.

O resultado positivo alcançou todas as quatro grandes categorias econômicas e a maior parte das atividades investigadas. As principais influências nesse indicador vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (19,2%), máquinas e equipamentos (27,5%), produtos de minerais não metálicos (27,7%), produtos de metal (24,5%), produtos de borracha e de material plástico (20,3%) e metalurgia (10,9%).

Entre as influências negativas, a maior foi exercida por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,1%), atividade que foi pressionada pela queda na fabricação dos itens querosenes de aviação, naftas para petroquímica, álcool etílico e óleos combustíveis.

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O segmento bens de capital (29,6%) registrou a maior expansão entre as grandes categorias econômicas, seguido por bens de consumo duráveis (12,0%), bens intermediários (9,9%) e bens de consumo semi e não duráveis (6,2%).

(com Agência de Notícias do IBGE)

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