Powell anuncia nova política do Fed que permite inflação mais alta e deve manter juros zero por mais tempo

Powell chamou a novidade de "atualização robusta" da política do Fed, em que o BC concordou com uma política de "metas de inflação média"

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Federal Reserve anunciou nesta quinta-feira (27) uma grande mudança em sua política, dizendo estar disposto a permitir que a inflação aumente um pouco mais que o normal como forma de apoiar o mercado de trabalho e a economia em geral.

O comunicado veio junto com um discurso do presidente do banco central americano, Jerome Powell, em Jackson Hole.

Powell chamou a novidade de “atualização robusta” da política do Fed, em que o BC concordou com uma política de “metas de inflação média”.

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Isso significa que a autoridade americana permitirá que a inflação corra “moderadamente” acima de sua meta de 2% “por algum tempo” após períodos em que tenha caído abaixo desse objetivo.

Na prática, este anúncio indica também que o Fed não deve começar a subir os juros quando a taxa de desemprego cair, contanto que a inflação também não aumente.

Normalmente, as decisões do Fomc levam em consideração uma crença de que uma taxa de desemprego mais baixa leva a uma alta da inflação, e os diretores do Fed costumam agir para evitar isso. Porém, este anúncio mostram uma mudança de pensamento por parte da autoridade americana.

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“Muitos consideram contra-intuitivo que o Fed queira aumentar a inflação”, disse Powell em seu discurso. “No entanto, a inflação persistentemente baixa pode representar sérios riscos para a economia”.

O presidente do Fed comparou a situação atual com a que a autoridade enfrentou há 40 anos, quando o então presidente Paul Volcker deu início a uma série polêmica de aumentos de juros que procuravam conter a inflação. Ao longo dos anos, mudanças fundamentais na economia, como demografia e tecnologia, mudaram o foco do Fed sobre a inflação muito baixa.

Para ele, o cenário atual “pode levar a uma queda indesejada nas expectativas de inflação de longo prazo, o que, por sua vez, pode puxar a inflação real ainda mais para baixo, resultando em um ciclo adverso de inflação e expectativas de inflação cada vez mais baixas”. Em meio a isso, os formuladores de política monetária têm pouco espaço para reduzir as taxas em tempos de estresse econômico.

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Desde o fim da crise financeira de 2008, o Fed tem lutado para atingir sua meta de inflação de 2%, e a expectativa é que esta nova abordagem mude o cenário, aumentando as expectativas e permitindo que a inflação flutue mais alto.

Powell também anunciou mudanças na abordagem do emprego. Houve uma pequena mudança no discurso, onde a nova abordagem será informada pelas “avaliações do Fed sobre as deficiências de emprego em seu nível máximo”, enquanto antes era ditada por “desvios” do nível máximo.

Segundo ele, apesar de parecer um mero detalhe, esta alteração é significativa. “Essa mudança reflete nossa apreciação pelos benefícios de um mercado de trabalho forte, especialmente para muitos em comunidades de baixa e média renda […] Essa mudança pode parecer sutil, mas reflete nossa visão de que um mercado de trabalho robusto pode ser sustentado sem causar um surto de inflação”, explicou.

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Powell disse que o Fed não estabelecerá uma meta específica para a taxa de desemprego, mas permitirá que as condições ditem o que considera pleno emprego. As previsões anteriores do Fed esperavam que a inflação subisse bem antes do desemprego atingir sua mínima de 3,5% antes da pandemia, mas isso não aconteceu. Para a autoridade, a inflação de 2% ainda é a meta adequada ao longo do tempo.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.