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(Bloomberg) – A pandemia tem um novo epicentro na Indonésia, que assumiu a liderança em número de casos de Covid-19 depois de uma sequência recente de 50 mil infecções por dia.
A onda no quarto país mais populoso do mundo é acompanhada por histórias que agora são tragicamente familiares. Hospitais com falta de oxigênio e de medicamentos que salvam vidas, pessoas que morrem sozinhas, entes queridos ausentes ou atrás de telas protetoras.
A Indonésia agora registra mais de 1.000 mortes por Covid-19 todos os dias, com um novo recorde de 1.566 óbitos na sexta-feira.
Do outro lado do mundo, os 50 mil casos registrados no Reino Unido, no entanto, têm um impacto totalmente diferente. O país relaxou uma série de restrições da pandemia em 19 de julho, chamado de “Dia da Liberdade” pela imprensa local.
Os cidadãos lotaram boates pela primeira vez em meses, os passageiros puderam andar de trem sem máscara, e os restaurantes podem receber clientes sem limite de assentos e capacidade. Apesar do aumento dos casos, cerca de 50 pessoas morrem a cada dia.
A principal diferença? Vacinação. Mais da metade da população do Reino Unido – 55% – está totalmente vacinada contra a Covid, incluindo a maioria dos idosos e pessoas de alto risco, fornecendo proteção contra quadros graves e hospitalização.
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Na Indonésia, apenas 6% da população está totalmente imunizada. As vacinas são escassas, e a população está assustada e vulnerável, incapaz de se defender de um patógeno que tem perseguido o mundo desde o fim de 2019.
Enquanto nações mais ricas retomam pouco a pouco a relativa normalidade, com festivais de cinema, desfiles de moda e campeonatos de futebol, a pior crise de saúde em uma geração continua a devastar países em desenvolvimento, fechando economias e arruinando meios de subsistência.
É a manifestação do que a Organização Mundial da Saúde alertou meses atrás: uma “falha moral catastrófica” com a divisão entre ricos e pobres no acesso às vacinas. A falta de proteção em economias emergentes como a Indonésia, assim como na Índia e países da América Latina, não é apenas mortal para indivíduos e devastadora para as comunidades locais, mas também põe o mundo em perigo.
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“É um coquetel tóxico para desastres e será muito difícil de evitar”, disse Joanne Liu, professora de saúde global da Universidade McGill em Montreal e ex-presidente internacional da ONG Médicos Sem Fronteiras. “É como a mudança climática. Vemos que está a caminho, não sabemos como vamos impedir. É necessário um grande esforço coletivo.”
A variante delta do coronavírus que agora percorre o planeta mostra o que pode acontecer quando a Covid-19 tem permissão para se alastrar. A alta transmissibilidade da cepa é responsável pelo aumento das taxas de infecção, mesmo em nações com grande oferta de vacinas, como EUA e Reino Unido.
A cepa foi identificada pela primeira vez na Índia, um gigante na produção de vacinas. Mas, com as restrições para o fornecimento de ingredientes-chave, desafios logísticos e complacência do governo, a imunização no país é lenta.
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Quando a gravidade da recente onda de Covid na Índia ficou clara, já era tarde demais. A variante delta já circulava entre os indianos e em mais de cem outros países.
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