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SÃO PAULO – Os Estados Unidos registraram em janeiro um crescimento de 5,3% nas vendas do varejo, dado bem acima dos 1,2% previstos pelos economistas. Porém, longe de trazer otimismo, esse número acabou provocando mais tensão entre os investidores internacionais.
Isso porque, no mesmo dia, os EUA também divulgaram o Índice de Preços do Produtor (PPI, na sigla em inglês), que aumentou 1,3% em janeiro, perante o mês anterior, segundo o Escritório de Estatísticas do Trabalho. O resultado veio bem acima da expectativa de alta de 0,4% de economistas ouvidos pelo “Wall Street Journal”.
Essa combinação significa que as famílias estão consumindo mais, algo que tende a pressionar a inflação, já impactada pelo forte aumento nas cotações do petróleo, o que encarece os preços de combustíveis.
Segundo reportagem da Bloomberg, mais de 4 milhões de barris diários – quase 40% da produção de petróleo dos Estados Unidos – deixaram de ser produzidos devido à onda de frio no Texas, que bloqueou as hidrovias usadas para o transporte da commodity.
“O mercado está subestimando a quantidade de produção de petróleo perdida no Texas devido ao mau tempo”, disse Ben Luckock, codiretor de negociação de petróleo da gigante de commodities Trafigura à agência de notícias.
Na semana encerrada no dia 12 de fevereiro, os estoques de petróleo nos EUA caíram em 7,257 milhões de barris. A mediana das projeções dos economistas era de recuo de 2 milhões de barris.
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Hoje, o barril do petróleo tipo Brent caiu 0,64% a US$ 63,93, enquanto o petróleo tipo WTI teve queda de 1,01% a US$ 60,52. As baixas, no entanto, nada mais foram que uma correção depois de quatro sessões consecutivas de valorização nos preços da commodity, que atingiu ontem sua maior cotação desde janeiro de 2020.
O próprio Federal Reserve, o banco central dos EUA, já tratou do assunto na ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) diante dos rumores que se espalham nas mesas de operações de que terá de agir para conter o avanço da inflação.
No documento, os integrantes da autoridade monetária projetaram que uma nova rodada de estímulos fiscais como o pacote de US$ 1,9 trilhão proposto pelo presidente Joe Biden e a vacinação em massa contra o coronavírus devem reduzir o desemprego e trazer a inflação para a meta do Fed, que está em 2% ao ano, ultrapassando-a moderadamente depois de 2023.
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Segundo a equipe de análise da Rio Bravo Investimentos, mesmo com uma provável alta na inflação, o Fed deve esperar até que o emprego melhore consistentemente (algo que ainda demorará mais para acontecer) para reduzir os estímulos.
Contudo, “se o pacote de US$ 1,9 trilhão for aprovado integralmente e a vacinação avançar rapidamente, poderemos ter uma antecipação nesse processo com impactos potencialmente negativos sobre o mercado de ações”, escrevem os analistas da Rio Bravo.
Na esteira dessas expectativas para a inflação, o rendimento pago pelos treasuries, os títulos do Tesouro dos EUA, com vencimento em 10 anos atingiu ontem 1,3% ao ano, maior valor desde fevereiro do ano passado.
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Esse fato foi o suficiente para provocar vendas em Wall Street, algo que se reflete hoje na B3, pois os títulos da dívida do governo americano são considerados os ativos mais seguros do mundo e é para eles que correm os investidores quando acontece alguma crise no mercado financeiro.
Pior para a renda variável em países emergentes, pois o investidor estrangeiro passa a exigir prêmios cada vez maiores em seus investimentos para correr riscos e as ações de empresas de um País como o Brasil, por exemplo, são notadamente ativos de risco mais elevado.
“Com uma taxa livre de risco maior, o prêmio (diferença) por correr risco diminui, reduzindo, de forma relativa, a atratividade da renda variável. É hora de olhar o mercado acionário de duas maneiras. Com lupa, para não perder as oportunidades de curto prazo. E com luneta, para preservar a perspectiva dos ganhos de longo prazo”, resume a equipe da Levante Ideias de Investimentos.
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