Política mais polarizada é fonte de pressão para expansão de gastos, diz Chermont

Economista chefe da Quantitas, destacou em palestra na Expert XP que os ciclo políticos, que normalmente duravam oito anos, ficaram ameaçados em todo o mundo, gerando um apetite por gastos

Roberto de Lira

Urna eletrônica no Brasil: política polarizada afasta da disputa propostas mais ao centro (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Urna eletrônica no Brasil: política polarizada afasta da disputa propostas mais ao centro (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

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O mundo político mais polarizado observado ultimamente torna os governos em todo mundo mais propenso aos gastos e à expansão fiscal, o que torna os as decisões de política monetária cada vez mais difíceis. A opinião é de Ivo Chermont, sócio e economista chefe da Quantitas, que vê inclusive no resultado das próximas eleições municipais no Brasil uma fonte de preocupação adicional nesse sentido.

Em palestra sobre desafio das políticas fiscal e monetária, que aconteceu na Expert XP, Chermont destacou que o pleito nas cidades não era observado como risco pelo mercado, mas alertou que se o governo federal perder muito espaço nas prefeituras este ano, pode antecipar em 2025 gastos que normalmente só viriam em 2026, ano de eleições presidenciais. “Poderemos ver o pé no acelerador do ponto de vista fiscal.”

Mas ele afirmou que o apetite expansionista dos gastos durante e depois da pandemia não foi caso isolado no Brasil, sendo observado em países com economias apenas mais avançadas como Estados Unidos e Europa.

“Na pandemia, teve sim uma expansão brutal de gasto em todos os países do mundo”, afirmou, acrescentando que isso era legítimo no auge da crise sanitária, uma vez que empresas e famílias necessitava de auxílios para sobreviver.

Mas ele disse acreditar que o problema já viha de antes, exatamente porque os ciclo políticos, que normalmente duravam oito anos, terem ficado ameaçados. Nos EUA, por exemplo, era raro não acontecer uma reeleição, como no caso de Donald Trump. Nesse contexto de opostos extremos, reforçou, o espaço para uma defesa de políticas de centro fica prejudicado.

Ouro fator de pressão fiscal citado citado por Chermont são as mudanças no perfil demográfico, com a população cada vez mais envelhecida exigindo mais gastos com saúde e previdência. “A taxa de aposentado em relação a quem está trabalhando vai aumentar e vai exigir mais gastos de governos”, explicou.