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Os últimos dias foram de ajustes de expectativas sobre os juros após a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da última terça-feira (14), com economistas projetando uma Selic terminal mais alta.
Na quarta-feira da semana passada, o Copom anunciou uma redução no ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, para 10,50% ao ano, após seis quedas consecutivas de 0,50 ponto na taxa. Também foi abandonada a indicação para passos futuros da política monetária.
Abalando o apetite por risco nos mercados domésticos, a decisão sobre o corte foi tomada com divergência dos quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defenderam a manutenção do corte mais forte nos juros básicos, de 0,50 ponto. Essa dissidência levantou temores de que a diretoria do BC poderia se mostrar menos ortodoxa a partir de 2025, quando a maior parte da diretoria será formada por indicados do governo.
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No entanto, a ata desta semana mostrou cautela de todos os diretores do Banco Central, mesmo nos indicados pelo atual governo, que justificaram seu voto num corte mais intenso da Selic com a vontade de não desrespeitar a orientação futura anterior do BC, de que provavelmente reduziria os juros em 0,50 ponto em maio.
Com isso, mais casas passaram a prever cortes de juros mais modestos do que estavam projetavam anteriormente, em linha também com o relatório Focus desta semana que, antes mesmo da ata, já havia revisado a projeção de Selic ao fim do ano para cima.
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Na quarta-feira, um dia após a ata do Copom, o Santander Asset Management Brasil revisou sua projeção para a taxa Selic ao final de 2024 de 9,5% para 10,25%, uma vez que a instituição reforçou tom cauteloso do comunicado divulgado logo após a decisão sobre os juros na semana passada. A gestora de ativos também elevou sua estimativa para o patamar da taxa básica ao final de 2025 de 8,5% para 9,5%.
Para o Santander Asset, o comunicado da quarta passada em que o Copom anunciou a desaceleração do afrouxamento monetário já havia indicado uma trajetória mais conservadora do que a esperada para a Selic.
“A ata reforçou essa leitura, com uma avaliação geral de conjuntura mais cautelosa, considerando o ambiente global mais adverso, a atividade doméstica com maior dinamismo e o cenário prospectivo mais desafiador para a inflação local, com um Copom particularmente atento ao comportamento das expectativas inflacionárias”, afirmou Eduardo Jarra, chefe de economia e estratégia da Santander Asset. A instituição destacou a recente alta das expectativas de inflação como fator para a revisão, e também como ponto de monitoramento à frente, mas, segundo o economista, o cenário externo não teve “influência relevante” na decisão.
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O Itaú também passou a ver a Selic fechando o ano a 10,25%, ante projeção anterior de 9,75%. “O cenário global desafiador (com dólar forte) e as incertezas domésticas (com pressão em preços de serviços mais sensíveis ao desempenho do mercado de trabalho, aumento do risco fiscal e expectativas desancoradas) fizeram com que o Banco Central (BC) revisasse seu plano de voo, reduzindo o ritmo de flexibilização monetária na última reunião. Considerando o firme compromisso declarado pela autoridade monetária em perseguir a meta de inflação, avaliamos que o espaço para cortes adicionais de juros está mais limitado e projetamos que a taxa Selic termine o ano em 10,25% a.a., permanecendo nesse patamar até o final de 2025”, avalia.
A Ágora Investimentos manteve expectativa de mais um corte de juros de 0,25 p.p. na próxima reunião do Copom que irá ocorrer no dia 19 de junho. A partir daí, os próximos cortes, se irão existir ou não e quantos serão, a casa deve avaliar no desenrolar das semanas, dado que o cenário está cada dia mais incerto com doses adicionais de indefinição, por exemplo, a tragédia no RS e suas implicações para cenário fiscal e inflação. “Quanto à Selic terminal, continuamos com nossa expectativa de 9,75%. Entretanto, reconhecemos que o BC possa interromper este ciclo de queda mais cedo do que anteriormente esperado”, aponta.
Ciclo já se encerrou?
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O JPMorgan, por sua vez, avalia que o ciclo de queda da Selic em 2024 foi encerrado na reunião de semana passada. “Estamos revisando nosso ‘call’ para a Selic e esperamos que o BC pause o ciclo de flexibilização em 10,50% por enquanto”, disse o banco em relatório assinado por Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira. Anteriormente, o J.P. Morgan previa mais dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros.
Para o banco, a ata dificulta prever os próximos passos do Copom, pois não deixa claro qual a visão majoritária para junho nem quais fatores os membros do comitê consideram mais importantes no momento. “Considerando que as expectativas de inflação para o médio prazo parecem estar aumentando, pelo menos no curto prazo, presumimos que o ciclo de flexibilização irá pausar na próxima reunião”, disseram os economistas. “Depois da próxima reunião, a visibilidade é muito mais reduzida, e prevemos que o BC esperará até que haja mais certeza sobre a tendência global de desinflação e menores desequilíbrios internos.”
A instituição financeira concluiu que os membros do Copom que votaram pelo corte de 0,25 ponto percentual na última reunião devem defender uma pausa no ciclo de flexibilização caso não haja uma redução das incertezas globais ou fatores internos que interrompam o aumento recente das expectativas de inflação para o médio prazo.
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A XP, na outra ponta, projeta dois cortes adicionais de 0,25 ponto percentual, levando a taxa Selic para 10,00%, patamar que deve permanecer por um bom tempo, na visão da casa. “O risco, contudo, é de uma taxa terminal maior. De fato, lendo a ata, não dá nem para desconsiderar uma pausa no ciclo de cortes já na próxima reunião do Copom, em junho”, afirma.
(com Reuters)