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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quinta-feira (2) a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do país no terceiro trimestre. A média das perspectivas do mercado, por enquanto, é de um crescimento de apenas 0,1%, a depender de, principalmente, como o setor de serviços se portará.
A alta de 0,1%, apesar de fraca, é melhor do que a queda de 0,1% registrada entre abril e junho e ainda evita a chamada “recessão técnica”, que se dá quando um país registra queda do PIB por dois trimestres consecutivos. O pequeno avanço, porém, não é unanimidade do mercado: a Refinitiv, por exemplo, tem um consenso de estagnação.
Analistas e gestores, já há algum tempo, vêm diminuindo suas projeções para a economia brasileira em 2021. De um crescimento de 5,27% no meio de julho, o último Boletim Focus do Banco Central trouxe a projeção de uma alta de 4,78% – apesar de ainda estar melhor do que os 3,50% do início do ano.
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Esperamos que o PIB fique estável no terceiro trimestre, com variação nula, após a significativa expansão no primeiro e o leve declínio no segundo. O crescimento do setor de serviços deve compensar a baixa performance da indústria e da agropecuária”, afirmou a XP em relatório publicado na última semana.
A corretora projeta um crescimento de 5% no ano, mas afirmou que em breve deve divulgar uma projeção menor, se adequando à divulgação de indicadores recentes.
Em seu último relatório, o Itaú tomou o mesmo caminho, tirando as projeções de crescimento no ano de 5% para colocar em 4,7%. O banco também vê o PIB estável no terceiro trimestre, variando 0%. “O setor de bens começou a desacelerar no segundo semestre e a produção industrial começou a cair já no fim do segundo”, comentam os analistas.
O último dado da produção industrial apontou queda de 0,4% em setembro ante agosto, com o período do terceiro trimestre encerrando com retração de 1,1%.
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Em comum, as duas casas apontam que o único setor que melhorou no terceiro trimestre foi o de serviços. “A reabertura da economia e o aumento da mobilidade impulsionam as atividades do setor terciário, sobretudo aquelas atreladas ao consumo das famílias”, explica a XP.
Do outro lado, lado, indústria e comércio recuam, segundo o Itaú, por conta de “restrições de ofertas causadas pela escassez de insumos e pelo alcance da capacidade de pico de alguns segmentos”. O grande problema no terceiro trimestre esteve, então, no lado da oferta e não do da demanda.
Além disso, a aceleração da inflação no País também contribuiu para a perda de fôlego das vendas no comércio varejista.
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Oscilação do setor de serviços em setembro pode impactar PIB
Em setembro, porém, o setor de serviços surpreendeu ao cair 0,6%, frustrando o consenso, que apontava avanço de 0,5%, e interrompendo uma sequência de cinco altas.
“Se esperava uma recuperação mais vigorosa no setor de serviços. O resultado de setembro veio abaixo das expectativas, com queda. Isso aconteceu também no comércio e na indústria, mas nesses setores não foi surpresa”, conta Alex Agostini, economista-chefe na Austing Rating.
Agostini explica que entre julho e setembro a inflação mais alta acabou afetando o consumo das famílias e aumentando o endividamento. “A gente tem sofrido um pouco mais por conta de fatores domésticos. A inflação muito forte afeta o consumo das famílias. Há o aumento do endividamento”, diz.
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Segundo ele, o emprego cresceu mas não houve ainda redução consistente da taxa de desemprego. “Enquanto não tivermos a força motora para mudar a realidade das famílias, o PIB não terá força para deslanchar. E é importante destacar que o Brasil tem um desempenho que fica abaixo do que os dos seus pares”.
Economia brasileira deve ficar próxima à estabilidade
Com a inflação sobre produtos travando o consumo, é, então, o setor de serviços, que deve definir se a economia brasileira avançou, regrediu ou ficou estagnada no terceiro trimestre. Independentemente do sinal – ou da inexistência de um – o esperado é que a variação seja pequena.
“O mais provável é que teremos um resultado próximo a zero. Alguns projetam com queda. Nós, da Austin, vemos alta de 0,10%”, disse Agostini.
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O monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas, por outro lado, é um dos indicadores que apontam para uma queda de 0,1% no terceiro trimestre.
Variação trimestral do Monitor do PIB da FGV
“A economia brasileira reverteu a trajetória de recuperação que havia sido observada no terceiro e quarto trimestre de 2020 e no primeiro trimestre deste ano, comparativamente aos trimestres imediatamente anteriores”, comenta Cláudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.
Cláudio Considera também comenta a perda de fôlego do setor de serviços, que se deu “precocemente” por conta da perda do poder de consumo da população.
Analistas estão de olho já em 2022
Independente de como vier o PIB nesta quinta-feira, o mercado está mais atento no futuro. “Para esse ano, as estimativas estão dadas e provavelmente não teremos grandes oscilações”, diz Agostini.
“O que se discute muito, agora, é 2022. A questão fiscal, a inflação, o juros, o risco de crise hídrica, a desvalorização da moeda, os EUA mudando o tom em relação à inflação, a corrida eleitoral. Todas essas variáveis deixam o cenário muito desafiador”.
Para o próximo ano, o Focus, agora, projeta um crescimento de apenas 0,58%. No começo do ano, a projeção era de crescimento de 2,50%. “Tem gente falando já em recessão, ainda não acho que seja o caso, mas há indicadores que começam apontar para isso”, fala o economista-chefe da Austin.
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