PIB do 3° tri coloca o Brasil no 24° lugar de ranking global de crescimento, diz Austin Rating

Para Alex Agostini, Brasil cresce parecido com países desenvolvidos, mas tem necessidades de países emergentes

Roberto de Lira

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A variação de 0,4% do Produto Interno Bruto do Brasil no terceiro trimestre de 2022 ante o trimestre anterior colocou o País no 24° lugar no ranking mundial de crescimento real do PIB elaborado pela Austin Rating, que reúne 52 países. A relação é liderada por nações asiáticas e do Oriente Médio: China (3,9%), Filipinas (2,9%), Arábia Saudita (2,6%), Malásia (1,9%), Taiwan (1,8%) e Indonésia (1,8%) ocupam as primeira posições.

“O Brasil continua no meio da tabela, crescendo abaixo da média dos emergentes e parecido com os países desenvolvidos. E nossa realidade e necessidades são de países emergentes, como questões de renda, segurança e educação”, comenta Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating.

Ele também destaca o fato de o Brasil estar atrás de países do Sudeste Asiático, que são naturais concorrente do ponto de vista de atração de investimentos externos e que tem um foco muito forte na indústria de alta tecnologia.

E não é só isso. O País se encontra em posição inferior a outros países latino-americanos: a Colômbia está em 7° lugar, com crescimento de 1,6% no terceiro trimestre. E o México cresceu 0,9% nesse período e Peru,0,5%.

Os problemas de baixo crescimento do Brasil são antigos. Agostini recorda que o País cresceu apenas 0,4% ao ano, em média, na última década, enquanto o mundo cresceu 3% e os países desenvolvidos avançaram 1,2%. O crescimento dos emergentes BRICs no período foi de 3,5%, mas o economista diz que, sem o Brasil, essa taxa teria sido de 4,5% ao ano.

Neste ano, o Brasil chegou a ocupar o 10° posto no segundo trimestre, mas Agostini considerou o resultado como um “ponto fora da curva”. Naquele período, economia europeias, por exemplo, sofriam impactos da terceira onda da covid-19, que não chegou ao Brasil com tanta força.

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Pelas projeções da Austin, que usam dados tanto do Boletim Focus do Banco Central como do FMI, dificilmente o Brasil conseguirá sair dessa posição de “meio de tabela”. Para 2023, por exemplo, a estimativa é que o País cresça 0,7% no ano, mais do que as projeções para Polônia (0,5%), Suécia (-0,1%), Dinamarca (+0,6%) e Itália (-0,2), que hoje nos superam no ranking. Mas o Brasil pode crescer menos que cerca de 20 outros países no ano que vem.

Numa média entre 2023 e 2027, o Brasil pode crescer até 1,9% ao ano, mas o mundo pode estar crescendo a uma taxa de 3% no período e os BRICs estrão em um patamar de 3,5%.

Se no ranking de crescimento real do PIB, o Brasil ainda pode ficar estacionado, em termos de valores corrente em dólar, a fotografia é melhor. O País ocupa o 12° lugar nesse ranking em 2022 e pode passar ao 10° posto no ano que vem. Só que, mais uma vez, não será apenas por mérito da economia doméstica, lembra Agostini. Irã, Itália e talvez a Rússia, podem ser ultrapassados por conta de seus problemas interno.

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A continuidade dos problemas internos do Brasil preocupa o economista chefe da Austin, em especial a má gestão dos recursos públicos. Agostini lembrou que uma frase dita em 1987 pelo ex-presidente da Fiesp Mario Amato parece cada vez mais atual: “ou Brasil acaba com déficit público ou o déficit público acaba com o Brasil”. “Toda vez que se coloca uma âncora fiscal, aparece uma contabilidade criativa”, afirma.