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SÃO PAULO – Após um resultado acima do esperado no primeiro trimestre, quando o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 1,2%, economistas esperam que os dados de desempenho da economia brasileira venham mais modestos para o período de abril a junho deste ano. Os números serão divulgados nesta quarta-feira (1), às 9h (horário de Brasília), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa de economistas consultados pelo consenso Refinitiv é de alta de 0,2% da atividade econômica brasileira na comparação com o primeiro trimestre, ainda que com alta de 12,8% na base de comparação anual, em meio à baixa base quando comparado ao auge do impacto das medidas restritivas por conta da pandemia do coronavírus. Há contudo, quem veja um desempenho melhor e, ainda, economistas mais pessimistas com os dados a serem divulgados nesta manhã.
Nas últimas semanas, em meio ao aumento dos riscos político e fiscal, bem como diante da forte pressão inflacionária, o mercado financeiro tem reduzido as projeções de crescimento da economia brasileira. Segundo o relatório Focus, do Banco Central, mais recente, o PIB deve ter expansão de 5,22% em 2021 – na terceira revisão consecutiva para baixo.
A XP, por exemplo, espera um crescimento modesto de 0,3% do PIB no segundo trimestre, na base de comparação trimestral, e de 13% ano sobre ano. “Se nossa estimativa estiver correta, o efeito de carrego estatístico para o crescimento do PIB de 2021 será de 5,2%. Além disso, o PIB brasileiro ficaria 0,3% acima do nível registrado antes da pandemia (quarto trimestre de 2019)”, escreve Rodolfo Margato, economista da XP, em relatório.
Margato avalia que a recuperação do setor de serviços, impulsionada pelo afrouxamento das medidas de isolamento social em meio à pandemia, mais do que compensou o desempenho fraco da indústria e da agropecuária no período. Isso porque as quebras nas safras de café (principal contribuição baixista no período), cana-de-açúcar e milho vieram acima da expansão da safra de soja.
Do lado da demanda, o economista da XP espera resultados favoráveis em todos os componentes, diante da expansão de 1,2% do consumo das famílias em relação ao trimestre anterior, bem como diante do crescimento do consumo do Governo, como reflexo da normalização parcial da prestação de serviços públicos, com saúde e educação.
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Otimista com um crescimento consistente da economia brasileira no segundo semestre, a expectativa da XP é de expansão de 5,5% do PIB este ano.
Já para o próximo ano, a casa atribui um viés de baixa, de expansão de 2,3% do PIB, principalmente devido à deterioração significativa das condições financeiras nas últimas semanas.
A previsão do Safra para o PIB do segundo trimestre de 2021 é semelhante, de alta de 0,3% na comparação com o trimestre anterior. Já a variação interanual deve ser de 12,3%, segundo o banco.
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Em linha com a média de projeções da Refinitiv, o Credit Suisse espera um crescimento de 0,2% do PIB brasileiro na base trimestral. Já na comparação anual, a expectativa é de aceleração de 12,8%. De acordo com o Credit, o forte aumento em termos anuais seria impulsionado pela baixa base de comparação devido à pandemia em 2020.
Do lado da oferta, o banco espera um forte crescimento trimestral dos serviços no segundo trimestre, devido à reabertura da economia entre maio e junho. Por outro lado, da ótica da demanda, o time espera uma retomada do consumo das famílias e do governo. Segundo o Credit, deve haver um crescimento generalizado em todas as categorias na comparação anual.
“Ao longo dos próximos trimestres, esperamos continuidade da retomada econômica, com crescimento médio do PIB de 0,5% no segundo semestre de 2021”, escreve o Credit Suisse.
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Por fim, o Bradesco espera um crescimento de 0,1% do PIB no segundo trimestre ante os três primeiros meses de 2021. As expectativas apontam para uma expansão de 5,2% da economia em 2021 e de 2,2%, em 2022.
Há quem esteja menos otimista
Com uma visão mais negativa do que a adotada pelas outras casas, o Morgan Stanley estima uma contração de 0,1% do PIB na comparação trimestral.
O banco vê uma contração do investimento (queda de 4,9% na base trimestral), arrastada por um payback dos estoques após a surpresa positiva registrada nos primeiros três meses do ano.
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“Indicadores coincidentes do PIB do segundo trimestre também apontam para uma impressão forte, apesar do pico de restrições de mobilidade em abril. Além disso, a arrecadação emergencial retomada em meados de abril deve apoiar a recuperação do consumo privado”, escrevem os economistas.
Olhando para frente, o Morgan vê a reabertura econômica contribuindo para um maior crescimento no segundo semestre deste ano, apoiada por um menor número de casos e mortes pelo coronavírus.
“À medida que as escolas reabrem e o consumidor se sente mais seguro para retornar aos locais de entretenimento e shoppings, esperamos uma melhora não linear nos números do mercado de trabalho, onde a recuperação tem sido mais lenta no Brasil”, escreve o Morgan Stanley.
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Principais riscos no horizonte
Entre os principais riscos no horizonte, que devem ficar no radar do mercado, a XP destaca a persistência da pressão inflacionária, que pode implicar menor massa de renda real disponível às famílias e política monetária mais apertada.
A crise hídrica atual e a probabilidade crescente de algum tipo de racionamento de energia elétrica nos próximos trimestres também devem ser acompanhados de perto. Merecem atenção ainda a disseminação da variante delta do coronavírus e, com isso, uma possível desaceleração mais acentuada da economia global.
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