PIB do Brasil cresce 1,0% no 1º trimestre, abaixo das expectativas

Projeção do mercado apontava para alta de 1,2% entre janeiro e março deste ano, segundo o consenso Refinitiv

Lucas Sampaio

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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,0% no primeiro trimestre de 2022 na comparação com o quarto trimestre de 2021, puxado pelo setor de serviços, mas ficou abaixo da expectativa do mercado (a projeção era de alta de 1,2%, segundo o consenso Refinitiv).

É o terceiro resultado positivo para o PIB trimestral, desde o recuo de 0.2% no segundo trimestre de 2021. Na comparação anual, com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,7% e ficou levemente abaixo das expectativas (1,8%).

Veja também:

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também revisou todos os dados trimestrais de 2021 (veja mais abaixo).

Nas últimas semanas, economistas passaram a revisar o PIB do primeiro trimestre e de 2022 para cima, devido à atividade econômica acima do esperado no começo do ano, mas ao mesmo tempo cortaram as previsões para 2023, em meio ao ciclo de aperto monetário do Banco Central.

A autoridade monetária já elevou a Selic de 2% no começo de 2021 para 12,75% ao ano atualmente e deve continuar subindo os juros em meio a uma inflação persistente em todo o mundo. Algumas casas, como o BNP Paribas, já prevem uma inflação de dois dígitos pelo segundo ano consecutivo.

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Produção e demanda

Sob a ótica da produção, a alta foi puxada pelo setor de serviços, que representa 70% do PIB do Brasil e cresceu 1,0%. Na indústria houve estabilidade (alta de 0,1%) e na agropecuária houve recuo de 0,9%, devido a principalmente a estiagem na região Sul.

PIB sob a ótica da produção (1T22 vs. 4T21):

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,7%, o do governo ficou estável (alta de 0,1%) e os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 3,5%. No setor externo, as importações de bens e serviços regrediram 4,6% e as exportações subiram 5,0%.

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Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, diz que a queda nos investimentos “foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período”.

Em relação às exportações e importações, a contabilidade do PIB é diferente da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços e as variações porcentuais são referentes ao volume; na balança comercial, entram somente bens e o registro é feito em valores (que têm grande influência dos preços).

PIB sob a ótica da demanda (1T22 vs. 4T21):

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Setor externo:

Comparação anual

Na comparação anual, o PIB cresceu 1,7% e também foi puxado pelo setor de serviços (que avançaram 3,7%). Já a agropecuária recuou 8,0% e a indústria retraiu 1,5%, puxada foi pela indústria da transformação (-4,7%) e as indústrias extrativas (-2,4%).

Já a forte queda da agropecuária pode ser explicada pela diminuição na estimativa da produção de algumas culturas cujas safras são importantes no primeiro trimestre, segundo o IBGE.

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A soja e o arroz apresentaram decréscimo na estimativa de produção anual e perda de produtividade no período (-12,2% e -8,5%, respectivamente). Já o milho, que também tem safra relevante entre janeiro e março, apontou ganho de produtividade e crescimento na produção anual estimado em 27,5%.

PIB sob a ótica da produção (1T22 vs. 1T21):

Sob a ótica da demanda, a alta de 1,7% do PIB na comparação com o começo de 2021 foi puxada pelo consumo do governo (+3,3%) e das famílias (+2,2%). Já os investimentos recuaram 7,2%, após cinco trimestres de crescimento consecutivos.

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A taxa de investimento foi de 18,7% do PIB no primeiro trimestre, abaixo dos 19,7% registrados no mesmo período do ano passado. No setor externo, as exportações cresceram 8,1% e as importações recuaram 11,0%.

PIB sob a ótica da demanda (1T22 vs. 1T21):

Setor externo:

Revisões de 2021 e PIB abaixo de 2014

O IBGE também revisou os dados trimestrais do PIB de 2021. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior:

Com o crescimento da economia entre janeiro e março deste ano, o PIB chegou a R$ 2,249 trilhões em valores correntes e está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019 (período pré-pandemia), mas 1,7% abaixo do primeiro trimestre de 2014 (o ponto mais alto já registrado).

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.