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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,0% no primeiro trimestre de 2022 na comparação com o quarto trimestre de 2021, puxado pelo setor de serviços, mas ficou abaixo da expectativa do mercado (a projeção era de alta de 1,2%, segundo o consenso Refinitiv).
É o terceiro resultado positivo para o PIB trimestral, desde o recuo de 0.2% no segundo trimestre de 2021. Na comparação anual, com o primeiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,7% e ficou levemente abaixo das expectativas (1,8%).
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Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também revisou todos os dados trimestrais de 2021 (veja mais abaixo).
Nas últimas semanas, economistas passaram a revisar o PIB do primeiro trimestre e de 2022 para cima, devido à atividade econômica acima do esperado no começo do ano, mas ao mesmo tempo cortaram as previsões para 2023, em meio ao ciclo de aperto monetário do Banco Central.
A autoridade monetária já elevou a Selic de 2% no começo de 2021 para 12,75% ao ano atualmente e deve continuar subindo os juros em meio a uma inflação persistente em todo o mundo. Algumas casas, como o BNP Paribas, já prevem uma inflação de dois dígitos pelo segundo ano consecutivo.
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Produção e demanda
Sob a ótica da produção, a alta foi puxada pelo setor de serviços, que representa 70% do PIB do Brasil e cresceu 1,0%. Na indústria houve estabilidade (alta de 0,1%) e na agropecuária houve recuo de 0,9%, devido a principalmente a estiagem na região Sul.
PIB sob a ótica da produção (1T22 vs. 4T21):
- Serviços: +1,0%
- Indústria: +0,1%
- Agropecuária: -0,9%
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,7%, o do governo ficou estável (alta de 0,1%) e os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 3,5%. No setor externo, as importações de bens e serviços regrediram 4,6% e as exportações subiram 5,0%.
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Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, diz que a queda nos investimentos “foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período”.
Em relação às exportações e importações, a contabilidade do PIB é diferente da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços e as variações porcentuais são referentes ao volume; na balança comercial, entram somente bens e o registro é feito em valores (que têm grande influência dos preços).
PIB sob a ótica da demanda (1T22 vs. 4T21):
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- Consumo das famílias: +0,7%
- Consumo do governo: +0,1%
- Investimentos: -3,5%
Setor externo:
- Importações: -4,6%
- Exportações: +5,0%
Comparação anual
Na comparação anual, o PIB cresceu 1,7% e também foi puxado pelo setor de serviços (que avançaram 3,7%). Já a agropecuária recuou 8,0% e a indústria retraiu 1,5%, puxada foi pela indústria da transformação (-4,7%) e as indústrias extrativas (-2,4%).
Já a forte queda da agropecuária pode ser explicada pela diminuição na estimativa da produção de algumas culturas cujas safras são importantes no primeiro trimestre, segundo o IBGE.
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A soja e o arroz apresentaram decréscimo na estimativa de produção anual e perda de produtividade no período (-12,2% e -8,5%, respectivamente). Já o milho, que também tem safra relevante entre janeiro e março, apontou ganho de produtividade e crescimento na produção anual estimado em 27,5%.
PIB sob a ótica da produção (1T22 vs. 1T21):
- Serviços: +3,7%
- Indústria: -1,5%
- Agropecuária: -8,0%
Sob a ótica da demanda, a alta de 1,7% do PIB na comparação com o começo de 2021 foi puxada pelo consumo do governo (+3,3%) e das famílias (+2,2%). Já os investimentos recuaram 7,2%, após cinco trimestres de crescimento consecutivos.
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A taxa de investimento foi de 18,7% do PIB no primeiro trimestre, abaixo dos 19,7% registrados no mesmo período do ano passado. No setor externo, as exportações cresceram 8,1% e as importações recuaram 11,0%.
PIB sob a ótica da demanda (1T22 vs. 1T21):
- Consumo das famílias: +2,2%
- Consumo do governo: +3,3%
- Investimentos: -7,2%
Setor externo:
- Importações: -11,0%
- Exportações: +8,1%
Revisões de 2021 e PIB abaixo de 2014
O IBGE também revisou os dados trimestrais do PIB de 2021. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior:
- A alta do primeiro trimestre foi de 1,1%, não de 1,4% como divulgado anteriormente;
- A queda de 0,3% no segundo trimestre foi revisada para queda de 0,2%;
- No terceiro trimestre, houve crescimento de 0,1% em vez da queda de 0,1%;
- A alta do quarto trimestre passou de 0,5% para 0,7%.
Com o crescimento da economia entre janeiro e março deste ano, o PIB chegou a R$ 2,249 trilhões em valores correntes e está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019 (período pré-pandemia), mas 1,7% abaixo do primeiro trimestre de 2014 (o ponto mais alto já registrado).