Guedes diz que Selic é ‘freio de mão puxado’ e PIB só cresce 2,70%, 3%

Ministro disse em evento em Salvador que economia cresce com equilíbrio fiscal e atribui críticas a "militância política"

Estadão Conteúdo

Paulo Guedes (EDU ANDRADE/Ascom/ME)
Paulo Guedes (EDU ANDRADE/Ascom/ME)

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Atenção: texto ajustado às 17h31 pela agência, com a previsão correta de crescimento do PIB para 2022. Abaixo segue a nota já corrigida.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira, 26, que a taxa Selic este ano é “freio de mão puxado” que limitará o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A previsão dele é que o Brasil cresça até 3% em 2022.

“Nós preferimos crescer um pouquinho mais moderado, mas com equilíbrio fiscal. Nós estamos com freio de mão puxado (Selic) e vamos crescer só 2,70%, 3%. Imagina no ano que vem: inflação já caiu, os juros começando a descer, com 900 bilhões de investimentos contratados, novos investimentos contratados em energia eólica”, disse o ministro ao participar do evento Perspectivas para a Economia Brasileira, organizado pelo Fórum Empresarial da Bahia, em Salvador.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica em 13,75%, interrompendo o ciclo de 12 altas seguidas da taxa. Mas alertou que o ciclo de alta pode ser retomado, caso a inflação se mostre resistente.

Provocação

Guedes ainda provocou o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Como o Brasil não vai crescer? Só não cresce se a gente colocar lá um saci-pererê, que só pula com a perninha esquerda”, afirmou, arrancando risos da plateia.

O ministro voltou a dizer ainda que o presidente Jair Bolsonaro pretende extinguir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), caso se reeleja. “O IPI é imposto de desindustrialização em massa”, criticou.

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Em mais uma fala com tom eleitoral, Guedes acusou a oposição de fazer militância e de tentar boicotar o governo federal. “Nosso governo foi atacado de manhã, de tarde e de noite, 3 anos e meio. É a crise de abstenção de quem não está no poder, depois de 30 anos no poder”, afirmou.

Ao defender que fez mudanças na estrutura da economia brasileira, ele disse que este é o primeiro governo a passar por uma eleição com o Banco Central independente e negou que Bolsonaro seja populista. “Nosso governo é popular.”

Potência mundial

O ministro avaliou que o Brasil pode emergir como grande potência mundial a partir do conflito entre Rússia e Ucrânia. Ele lembrou que o mesmo aconteceu com os Estados Unidos após as duas guerras mundiais e disse que o País oferece o que outras nações procuram, como segurança energética e alimentar.

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“Brasil é a fronteira dos novos investimentos. Vamos receber avalanche de investimentos para segurança energética. Aqui no Nordeste, tem umas 10 Itaipus para fazer nos próximos anos em energia eólica, além da exportação de hidrogênio verde, que seria a energia do futuro”, disse Guedes.

“Essa guerra lá fora vai durar mais tempo. Vai ter muita turbulência se eles resolverem seguir a guerra”, afirmou, ao avaliar que o prolongamento da guerra pode fazer crescer internacionalmente a percepção sobre a importância do País para segurança energética e alimentar no mundo.

Relação com os poderes

Em meio aos ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao processo eleitoral, Guedes disse acreditar na democracia, mas repetiu o discurso do chefe do Executivo de que é preciso respeitar as “quatro linhas da Constituição”.

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“Tem que ter limites, o seu poder vai até onde começa o do outro. Quando alguém sai das quatro linhas (da Constituição), se um juiz sai das quatro linhas, descredencia o STF”, defendeu o ministro.

Educação

Guedes ainda repetiu que prefere dar voucher para estudantes de baixa renda que quiserem ingressar no ensino superior, em vez de empréstimo como no Fies. “Ora, a pessoa frágil, está em periferia, nem conseguiu terminar o curso e está devendo dinheiro? Eu prefiro dar o voucher, voucher é muito melhor que empréstimo. Prefiro dar empréstimo para classe média”, afirmou.

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O ministro disse ainda que o governo deu “chuva de dinheiro” para micro e pequeno empresário e defendeu diminuir tributação da indústria. Afirmou, no entanto, que o setor quer empurrar a conta da diminuição de impostos para o comércio.