Para FMI, estímulo monetário da China não elevará crescimento de forma significativa

Pierre-Olivier Gourinchas, economista chefe do Fundo, disse que últimas medidas do governo chinês não foram incorporadas às projeções da organização por falta de detalhes do plano

Reuters

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas (Foto: Susana Vera/Reuters)
O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas (Foto: Susana Vera/Reuters)

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Washington (Reuters) – As medidas de estímulo anunciadas pelo banco central da China no final de setembro para conter a turbulência no mercado imobiliário não são suficientes para elevar o crescimento da China de forma significativa, disse o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Pierre-Olivier Gourinchas, nesta terça-feira (22).

As novas medidas de estímulo fiscal anunciadas mais recentemente pelo Ministério das Finanças da China não foram incorporadas às revisões para baixo das projeções de crescimento da China feitas pelo FMI, pois há poucos detalhes disponíveis sobre elas, disse Gourinchas em uma coletiva de imprensa.

Ele comentou ainda que atual política industrial da China pode estar influenciando alguns setores específicos, mas não é a causa principal do crescimento das exportações e dos superávits externos do país.

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Gourinchas contestou parte da narrativa impulsionada pelos Estados Unidos sobre o excesso de capacidade industrial da China, afirmando que fatores macroeconômicos, incluindo a falta de demanda interna na China e o excesso de consumo nos EUA, são os principais impulsionadores dos superávits comerciais maiores chineses.

Para ele, o aumento das exportações da China, que está ajudando a evitar que o crescimento do país desacelere ainda mais, de acordo com as novas previsões do FMI, “não se deve essencialmente às políticas industriais da China ou de outros países. Isso é impulsionado principalmente por forças macroeconômicas.”

A maior delas é o baixo gasto dos consumidores chineses que, em meio a uma crise no mercado imobiliário que tem prejudicado uma das principais fontes de riqueza das famílias, tem feito com que parte da produção seja “naturalmente canalizada para os setores de exportação”.

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Desequilíbrios

Por outro lado, os déficits comerciais dos EUA estão aumentando devido à demanda alta decorrente dos fortes gastos das famílias e do governo, causando um aumento geral na demanda por produtos importados da China.

A demanda fraca da China e a demanda forte dos EUA “é uma configuração que dará origem a esses tipos de desequilíbrios”.

Recentemente, Gourinchas e outras autoridades do FMI apresentaram argumentos semelhantes em uma publicação no site do Fundo. Eles disseram que, embora os subsídios da China tenham um impacto sobre o comércio em setores específicos, esses efeitos são “modestos, sugerindo que as políticas industriais têm um efeito limitado sobre os saldos externos agregados.”

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Gourinchas disse que há alguns impactos setoriais de subsídios chineses que podem distorcer o comércio, mas isso é assunto para a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Ele acrescentou que o FMI está trabalhando arduamente para medir o impacto de subsídios industriais na China e em outras economias com setores estatais dominantes, mas a transparência tem sido difícil.

A maneira de reduzir os desequilíbrios entre os EUA e a China é aumentar a demanda interna chinesa para absorver a produção que está sendo desviada para as exportações, disse Gourinchas. Isso exigirá que as autoridades chinesas resolvam os problemas com o setor imobiliário, que estão diminuindo a confiança do consumidor, acrescentou.

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Para os EUA, o aperto fiscal ajudará a diminuir o excesso de demanda por importações da China. O Fundo tem defendido há muito tempo que Washington aumente os impostos para colocar sua dívida em uma trajetória descendente.