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O produto interno bruto (PIB) ficou estagnado no quarto trimestre de 2023 em comparação com o trimestre anterior, segundo dado divulgados nesta sexta-feira (1) pelo IBGE, mas os economistas encontraram sinais de recuperação na abertura mais detalhada dos dados. Os investimentos, por exemplo, surpreenderam para cima, enquanto setores mais cíclicos mostraram alguma reação.
João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, destacou alta de 0,9% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no 4º trimestre ante o terceiro, especialmente porque o investimento foi “o elo frágil do crescimento do PIB brasileiro” em 2023. Para ele, há fatores fortes em andamento que contribuem para as boas perspectivas de recuperação nesse campo, após uma queda de 3% no acumulado do ano passado.
“A manutenção dos cortes de juros pelo Banco Central, a taxa de câmbio bem-comportada e as novas políticas de estímulo à indústria e à infraestrutura pelo governo são elementos que colaboram para um afrouxamento das condições financeiras e creditícias e, consequentemente, sobre os investimentos, favorecendo setores como os da construção civil, de máquinas e equipamentos e de demais ativos fixos”, comenta.
Essa opinião é compartilhada por Marcela Rocha, economista chefe da Principal Claritas. “Acreditamos que os vetores apontam para uma recuperação do investimento. O primeiro ponto é a queda da taxa de juros, que ocorre desde meados do ano passado”. Segundo ela, isso facilita que haja uma retomada do investimento num ambiente global que não tem recessão e no qual os estoques não estão altos para atrapalhar a indústria.
Marcela diz esperar que haja já no primeiro trimestre alguma recuperação dos investimentos. Uma das bases para sua projeção é o índice de a confiança da indústria da FGV, que subiu por quatro meses e ficou estável em fevereiro. “E esse número de confiança é um indicativo de retomada, mesmo que gradual, do investimento para este ano. Em 2024, nós estimamos uma alta de 2,5% do investimento, quando olhamos pelo lado da demanda”, comenta.
Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating, também mostra otimismo nesse campo, mas moderado. “Para 2024, com situação praticamente consolidada da política monetária nas economias centrais, taxa de juros em queda no Brasil, ambiente fiscal doméstico mais desanuviado e riscos geopolíticos mais evidentes, a expectativa é que os investimentos retornem, porém, sem grande entusiasmo”, afirma.
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Setores cíclicos
Outro sinal positivo captado no último trimestre de 2023, segundo Rodolfo Margato, economista da XP, foi a recuperação de alguns setores mais cíclicos da economia, como a construção civil, que cresceu 4%, após vários trimestres com resultados ruins.
“A recuperação dos setores cíclicos deverá ser uma boa notícia para este ano. Por enquanto, prevemos que o PIB total aumentará 0,6% no 1º trimestre de 2024. Para o ano, a XP está com uma projeção de crescimento da economia de 1,5%, mas com viés de alta, diz o economista.
“A forte expansão do rendimento disponível real das famílias, a melhoria das condições do mercado de crédito e as exportações em máximos históricos apoiam uma visão mais otimista para a atividade interna de curto prazo”, di Margato.
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Para Rafael Perez, economista da Suno Research, a dinâmica no 4º trimestre pode ser explicada pelo mercado de trabalho de trabalho aquecido e pela resiliência de alguns setores, como serviços (+0,3%) e indústria extrativa (+4,7%). Porém, ele concorda que o grande destaque positivo foi a retomada do crescimento dos investimentos (+0,9%) após quatro trimestres consecutivos de queda.
Andrea Damico, economista chefe da Armor Capital, também acredita que o fato de a taxa Selic estar em queda acaba contribuindo para os investimentos, ainda que tenha havido uma concentração grande da construção civil. “Mas acho que é um bom sinal para investimentos, principalmente nesse ano, dado que a gente deve continuar vendo essa melhora do canal das expectativas”, explica.