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Está sendo esperado com ansiedade o relatório mensal que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vai divulgar nesta terça-feira (12). Os dados de oferta, demanda, produção e preços produzidos pelo cartel ganharam ainda mais importância desde a semana passada, quando Arábia Saudita e Rússia anunciaram que vão estender seu corte de produção de 1,3 milhão de barris por dia até ao final de dezembro.
As cotações internacionais da commodity ultrapassaram as máximas de dez meses após o anúncio, ficando perto da casa dos US$ 90 o barril e elevando temores de uma reaceleração da inflação. E isso a poucos dias de importantes decisões de política monetária dos principais Bancos Centrais no mundo.
O principal temor é que algum sinal mais forte demanda no relatório da Opep jogue os preços do petróleo mais uma vez para cima.
O impacto global dos preços do petróleo pode não ser o mesmo de décadas atrás, mas não pode ser desconsiderado num momento de luta contra a inflação. Estimativas do FMI dão conta de que um aumento de 10% por cento na inflação global do petróleo eleva, em média, a inflação interna de um país em cerca de 0,4 ponto percentual no momento do impacto.
Esse impacto dos choques do petróleo sobre a inflação interna diminuem ao longo do tempo devido, em grande parte, à condução da política monetária. Além disso, os efeitos em países avançados e em desenvolvimento, embora semelhantes, exibem uma grande heterogeneidade em sua magnitude. Eles variam, por exemplo, de acordo com a porcentagem dos transportes na cesta da inflação local e dos subsídios à energia que cada país possui.
No Brasil, por exemplo, a Petrobras abandonou política de preço de paridade de importação (PPI), que permitia reajustes mais rápidos dos preços internos, acompanhando a cotação da commodity.
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Isso levou, naturalmente, a um processo de defasagem. Mesmo com o reajuste de 16,18% sobre os preços da gasolina e de 25,8% os preços do diesel praticado em agosto, ontem a defasagem da gasolina vendida pela Petrobras estava em 14,28%, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). No diesel, a diferença ante o preço internacional estava em 15,37%.
Fragilidade nos EUA
A incerteza não é exclusiva do Brasil. Segundo o The Market Insider, os Estados Unidos estão num momento de fragilidade sob uma perspectiva de alta do petróleo porque a Reserva Estratégica do país, usada para equilibrar oferta e demanda, está próxima das mínimas dos últimos 40 anos. No verão americano, os preços da gasolina nos EUA atingiram os níveis mais elevados para o período em mais de uma década.
Segundo lembra a reportagem, no ano passado, a administração de Joe Biden drenou 180 milhões de barris do SPR, num momento os preços internacionais disparavam e jogavam a inflação ao consumidor (CPI) nas alturas. “Inundar o mercado com toda aquela oferta ajudou a baixar os preços do petróleo e ajudou a arrefecer a inflação”.
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Com os preços mais comportados neste anos, o governo americano chegou a anunciar planos de recuperar o SPR, mas os atuais cerca de 350 milhões de barris de hoje representam menos da metade da máxima alcançada em 2010 e são cerca de 40% abaixo de onde as reservas estava quando as retiradas começaram.
Em agosto, a administração Biden cancelou os planos de adicionar 6 milhões de barris à reserva, devido ao alto custo. “O SPR dos EUA é o maior do mundo e está pronto para cumprir sua missão de responder a futuras interrupções no fornecimento, fornecendo alívio quando mais necessário”, disse um porta-voz do Departamento de Energia em comunicado ao Insider.
Outra reserva de petróleo dos EUA vem dos estoques comerciais, que se situam em 416,6 milhões de barris. Mas essa fonte é considerada mais volátil do que o SPR e também caiu 21% em relação ao ano anterior.
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Ainda que os EUA tenham elevado sua produção desde o boom do xisto, há indícios que, a longo prazo, a capacidade produtiva dos poços de xisto será menos robusta.
A última projeção da Opep, em agosto, apontou que a demanda mundial de petróleo em 2023 deverá crescer 2,4 milhões de barris por dia, inalterada em relação à avaliação do mês anterior. Já a oferta deve crescer 1,5 mb/d no ano, uma ligeira revisão em alta em relação à avaliação anterior.
No último relatório, esperava-se que os principais impulsionadores do crescimento da oferta de líquidos em 2023 seriam os EUA, o Brasil, a Noruega, o Cazaquistão, a Guiana e a China, enquanto o maior declínio era esperado na Rússia.
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Segundo o relatório, ainda continuavam a pairar incertezas associadas ao potencial de produção de óleo de xisto dos EUA e à manutenção não planeada em 2023.
Para a Arábia Saudita, um relatório recente do FMI apontou que há um risco de queda dos preços do petróleo devido às projeções de atividade mundial moderada no curto prazo. O país foi economia do G20 com crescimento mais rápido em 2022, de 8,7% em relação ao ano anterior. Muito disso está relacionado ao salto dos preços do petróleo após o início da invasão russa na Ucrânia, que levou as cotações aos valores mais altos desde 2014.