“Ninguém tem certeza. Quem diz ter, é um jogador”, diz Rubens Ometto, da Cosan

Para executivo, é preciso combater a doença e manter os empregos

Estadão Conteúdo

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Um dos maiores empresários do País, Rubens Ometto Silveira Mello, fundador do grupo Cosan, diz que há muitas incertezas e ninguém tem uma fórmula para sair da crise provocada pelo coronavírus. “Qualquer coisa que se fale, é chute.” Dono de ferrovias, postos de combustíveis e distribuidora de gás, o grupo pode ter projetos revisados, afirma Ometto, com exceção da Rumo, ferrovia importante para manter ativo o agronegócio.

Segundo ele, é preciso combater a doença e manter os empregos. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como o sr. está vendo o impacto do coronavírus e o ruído entre parte dos governadores e Brasília?

É muito difícil falar. Ninguém sabe direito. Qualquer coisa que você fale, é chute. Você tem uma vontade grande de todos para que a economia volte e as engrenagens comecem rodar. E, do outro lado, um programa médico de combate ao vírus que pode provocar estragos profundos. Dá para entender essas duas posições porque o desastre na economia será muito grande.

Mas não falta um líder para conduzir este processo?

Não vou entrar nisso. Existem pontos de vistas diferentes. Os dois querem o bem do País, cada um a seu jeito. Difícil falar quem está certo ou errado.

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O governador João Doria reafirmou o seu apoio após a Cosan informar que vai manter os empregos.

Estamos engajados nesta ideia de não haver dispensa. A crise vai passar.

Qual deveria ser a estratégia para combater o coronavírus no Brasil?

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Difícil falar se não tem todos os números. Acho que só injetar dinheiro na economia não resolve. Porque se o pessoal não vai trabalhar e fica em casa, a economia não roda. É uma equação difícil. O pessoal está indo por tentativas para saber o que vai melhor. Um plano Marshall ajudaria as pessoas a não ficar sem empregos. Mas a equação é difícil. Não dá para ficar nervoso. Tem de ter serenidade.

Como empresário, o que deveria ser feito?

Essa pergunta vale um bilhão de dólares. Não tem todos os dados. Tem de combater a doença e preservar o emprego. O governo não vai aguentar a subsidiar isso o tempo todo.

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O sr. defende um meio-termo?

Tem de ir administrando. Precisa dar um tempo ver para onde vai. Há negócios muito afetados: bares fechados, shoppings; demanda por combustível caiu 50%. Como vai ser isto? Como fazer isso? Não sei. Se ficar muito tempo, onde isso vai parar? Vamos ver como ficam as coisas até o dia 7 de abril.

Como tem sido suas conversas com as principais lideranças empresariais?

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Ninguém tem certeza. Quem diz ter certeza, é um jogador. O que preocupa é que as engrenagens da economia não parem demais. Senão, se resolve de um lado e mata do outro. Planos e estratégias têm de ser revistas. Estava tudo tão bem, organizadinho.

O sr. vê impactos na economia?

Sim. A tendência dos empresários é trabalhar para que se resolva logo. A verdade é que não tem o que falar. É chute. Temos de esperar um pouco.

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Os planos de investimentos do grupo Cosan para este ano serão revistos?

Vamos rever os planos de investimentos. Temos de ver o que vai acontecer. Os projetos da Rumo são irreversíveis para manter o agronegócio. Para outros projetos, temos de ver o que vai acontecer.

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