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O dia 08 de março foi oficializado como Dia Internacional das Mulheres pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1970. A data, que originalmente simbolizava a busca por igualdade salarial, atualmente levanta questões não só do universo do trabalho, mas também sobre machismo estrutural e violência.
A ideia de igualdade na luta das mulheres foi substituída pela de equidade. Apesar de similares, os conceitos não são equivalentes. Enquanto a igualdade busca dar o mesmo tratamento para todo mundo, a equidade coloca na balança todas as deficiências e privilégios para garantir oportunidades de forma equilibrada e justa para o máximo de pessoas.
“No início da pandemia, a gente viu que as mulheres foram as mais afetadas pela COVID. 70% da linha de frente é composta por mulheres tanto no setor social, quanto de saúde. (…) Acho que uma das coisas mais importantes é: se o papel da mulher como agente de transformação tem sido valorizado“, declarou Nanda Soares, fundadora e diretora da Conectidea (coletivo de design e marketing para o terceiro setor).
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Ela fez parte da criação do manifesto “A força das mulheres no terceiro setor” junto com Julia Caldas, superintendente executiva da FUNDAMIG (Federação Mineira das Fundações e Associações de Direito Privado de Minas Gerais). Ambas foram as convidadas do episódio do podcast Aqui se Faz, Aqui se Doa, produzido pelo Instituto MOL com apoio de Movimento Bem Maior, Morro do Conselho Participações e Ambev, e divulgação do Infomoney, sobre o papel das mulheres no terceiro setor.
Segundo o IPEA, 65% dos postos de trabalho em organizações sociais são ocupados por mulheres. Elas também são quem mais doa dinheiro — 41% contra 32% dos homens, segundo a Pesquisa Doação Brasil — e trabalho voluntário — 62% dos voluntários são mulheres, segundo a PNAD Contínua de 2019.
Julia aponta razões históricas para esse fato: “Os homens saiam para trabalhar no mercado, nas indústrias e as mulheres no lar se ocupavam dos cuidados com os pais, com os filhos, com os idosos, os deficientes… Isso era estendido em um trabalho de assistencialismo. Com a cultura religiosa esse trabalho foi estendido a moradores de rua e pessoas com maior vulnerabilidade. Isso gerou o que a gente, hoje, entende como economia do cuidado.”
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Contudo, tanto Julia quanto Nanda chamam atenção para a ausência de mulheres em posições de liderança no setor, espelhando o que acontece no restante da sociedade. “A gente ainda vive em uma sociedade com essa questão da cultura do patriarcalismo, do machismo muito arraigada”, lamenta Julia.
Ainda assim, existem avanços: “A gente também vê excelentes organizações da sociedade civil que foram criadas por mulheres. Então, não é apenas como mão de obra, como voluntárias. Mas também como fundadoras, presidentes ou secretárias executivas. É um espaço de um protagonismo feminino que é muito interessante nesse aspecto”, destaca Graziella Comini, Coordenadora do Centro de Empreendedorismo Social e Administração do Terceiro Setor da FIA (Fundação Instituto de Administração) e professora da FEA/USP que foi ouvida pela produção do episódio.
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