Ministro da Saúde diz que vacina precisará de 60 dias para aprovação e discute com Doria

Doria questionou Pazuello sobre possíveis motivações políticas que podem estender o prazo de aprovação das vacinas

Giovanna Sutto

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, afirmou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve demorar 60 dias para aprovar o uso de qualquer vacina contra a Covid-19, segundo informações da Folha S. de Paulo.

Em reunião virtual com governadores, o ministro trocou farpas com João Doria (PSDB), governador de São Paulo, sobre a CoronaVac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan.

Durante sua fala, Pazuello não detalhou se os 60 dias eram referentes ao registro definitivo da vacina, ou à análise para uso emergencial, que seria um procedimento mais rápido.

“Aí a Anvisa, dentro de sua responsabilidade, vai precisar de um tempo. Gira próximo a 60 dias [para aprovar]”, afirmou o ministro, segundo a Folha, e emendou dizendo que isso valia “para qualquer vacina”.

Ao explicar o prazo dado pelo governo para o início da vacinação, em março de 2021, no entanto, o ministro mencionou especificamente apenas a vacina da Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. A vacina inglesa é a principal aposta do governo federal, que aprovou investimento de R$ 1,9 bilhão para a importação e produção local do imunizante, em parceria com a Fiocruz.

Pazuello ressaltou que a vacina da Oxford está na fase 3 (a última antes da aprovação para uso da população) e que os testes estão sendo refeitos devido a um erro de dosagem na análise preliminar, mas que que o processo deve ser finalizado até o fim deste mês.

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Críticas

A demora do governo federal em tomar decisões relacionadas às vacinas no Brasil tem sido alvo de críticas. O Reino Unido, por exemplo, que começou a vacinar a população nesta terça-feira (8) com o imunizante da Pfizer, demorou menos de um mês para aprovar o uso da vacina em caráter emergencial após ter seus estudos protocolados na agência sanitária local.

Questionado por Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, sobre a CoronaVac, Pazuello disse que não deixará de avaliar a compra do imunizante chinês, mas destacou que ainda aguarda os resultados da fase 3.

Segundo ele, o país terá 300 milhões de doses ao fim de 2021, somando as 160 milhões da vacina da AstraZeneca e outras 42 milhões da Pfizer por meio do consórcio internacional Covax Facility.

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Na reunião, o governador de SP também perguntou ao ministro da Saúde se o governo federal estaria favorecendo as empresas ocidentais por alguma questão política e destacou o investimento federal na AstraZeneca e na Pfizer sendo que nenhuma das duas tem a aprovação da Anvisa – como a CoronaVac.

O governador de São Paulo também criticou o fato de a União ter se comprometido a investir R$ 2,5 bilhões na Covax Facility – que tem acesso a um grupo de nove vacinas em desenvolvimento – sem incluir a CoronaVac.

“As vacinas do consórcio ainda não foram aprovadas pela Anvisa. O Ministério da Saúde, junto à AstraZeneca, anunciou um investimento de R$ 1,2 bilhão e já fez o pagamento. Essa vacina também não tem aprovação da Anvisa. A CoronaVac não teve nenhum investimento federal e também não foi aprovada pela Anvisa. O que difere a condição de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra vacina? É razão de ordem política, ideológica ou é falta de interesse em disponibilizar mais vacinas?”, questionou Doria

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Pazuello devolveu os questionamentos e citou o Plano Estadual de Imunização apresentado por Doria nesta segunda-feira (7) com início de 25 de janeiro. “Tentar acelerar é justo, mas não podemos abrir mão de segurança e eficácia. Nós é que seremos responsabilizados por nossos atos”, afirmou, segundo a Folha.

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Giovanna Sutto

Responsável pelas estratégias de distribuição de conteúdo no site. Jornalista com 7 anos de experiência em diversas coberturas como finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira.