Milei diz que Argentina ainda não está pronta para eliminar controles cambiais

Em entrevista ao Financial Times, Milei disse que a eliminação do controle não pode ter uma data fixa, pois isso seria incompatível com sua concepção de um “regime de liberdade”

Equipe InfoMoney

O presidente da Argentina, Javier Milei, fala após receber o prêmio do Instituto Juan de Mariana por “uma defesa exemplar das ideias de liberdade” da presidente da Comunidade de Madri, Isabel Diaz Ayuso, em Madri, Espanha, 21 de junho de 2024. REUTERS/Violeta Santos Moura
O presidente da Argentina, Javier Milei, fala após receber o prêmio do Instituto Juan de Mariana por “uma defesa exemplar das ideias de liberdade” da presidente da Comunidade de Madri, Isabel Diaz Ayuso, em Madri, Espanha, 21 de junho de 2024. REUTERS/Violeta Santos Moura

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O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou que ainda não está preparado para levantar o controle cambial que vigora na Argentina desde 2019, em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times.

Segundo o presidente argentino, impor um cronograma para liberar os controles cambiais seria agir como um planejador central, o que vai contra sua filosofia libertária. “Não posso fixar datas porque não penso como um planejador central. Pensamos em termos de um regime de liberdade”, afirmou o presidente. “Não somos comunistas, somos libertários”, disse Milei.

Instaurado em meio a uma grave crise econômica, o controle cambial restringe as compras de dólares tanto para indivíduos quanto para empresas. Essas medidas foram projetadas para frear a fuga de capitais e proteger as reservas internacionais do país, mas criaram um mercado paralelo para o dólar, conhecido como “dólar blue”, e contribuíram para a falta de investimento estrangeiro direto.

Milei priorizou a estabilização da economia por meio de uma “terapia de choque”, incluindo ajuste fiscal e redução do déficit público, conseguindo que a inflação mensal caísse do pico de 26% em dezembro de 2023 para 4,2% em agosto. No entanto, a inflação acumulada nos últimos doze meses é de 237%, e a economia entrou em uma fase de contração com três trimestres consecutivos de queda do PIB.

Na entrevista ao Financial Times, Milei explicou que a decisão de levantar os controles cambiais dependerá do cumprimento de várias condições econômicas, que devem ocorrer simultaneamente. Ele destacou a necessidade de que a inflação mensal caia para abaixo de 2,5%, um nível ainda distante dos números atuais.

Além disso, Milei apontou que os bancos locais devem reduzir suas exposições a títulos do governo argentino e utilizar esses recursos para aumentar o crédito às empresas, o que também facilitaria atender à demanda acumulada de dólares no mercado. Isso representa um desafio particular, já que muitos argentinos viram sua capacidade de adquirir divisas restringida pelo controle, gerando um forte “excesso de pesos” na economia.

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Também presente na entrevista, Luis Caputo, ministro da Economia de Milei, concordou com o presidente de que levantar o controle não deve ser feito de forma apressada.

Para Caputo, é “infantil” a discussão sobre se a remoção do controle cambial deve ocorrer nos próximos meses, sugerindo que a estabilidade econômica é o mais importante. Segundo o ministro, o tema dos controles cambiais não é uma prioridade dos investidores internacionais.