Messi pode ter levantado não apenas taça, mas também PIB argentino, diz pesquisa

Marco Mello afirma que existem condições para que a Argentina tenha um retorno econômico "pequeno e de vida curta" com a vitória

Estadão Conteúdo

O capitão e craque da Argentina, Lionel Messi, levanta a taça depois ganhar nos pênaltis a final contra a França da Copa do Mundo do Catar, realizada no Estádio Internacional de Lusail, em 18 de dezembro de 2022 (Foto: RICHARD CALLIS/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)
O capitão e craque da Argentina, Lionel Messi, levanta a taça depois ganhar nos pênaltis a final contra a França da Copa do Mundo do Catar, realizada no Estádio Internacional de Lusail, em 18 de dezembro de 2022 (Foto: RICHARD CALLIS/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)

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Quando a seleção Argentina liderada por Lionel Messi venceu a Copa do Mundo do Catar, no domingo, 19, também acabou por dar um impulso à economia do país sul-americano. A vitória econômica é mais modesta e pontual que a esportiva, mas ela não é inexistente, de acordo com estudo realizado por Marco Mello, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Surrey, no Reino Unido.

Em entrevista por e-mail ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Mello afirma que existem condições para que a Argentina tenha um retorno econômico “pequeno e de vida curta” com a vitória.

Ele acredita que as conclusões da pesquisa sobre o impulso às exportações com a vitória na Copa, graças à maior visibilidade dos produtos e serviços nacionais no mercado global, podem voltar a ocorrer agora. “Isso pode se aplicar também à economia argentina, caracterizada por um setor de exportações considerável”, comenta. Além disso, a inflação elevada hoje enfrentada pelo país impulsiona mais as exportações, lembra ainda.

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Mello utilizou dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a partir de 1961 e elaborou um modelo econométrico, para concluir que vencer a Copa do Mundo da Fifa leva a um crescimento de “pelo menos 0,25 ponto porcentual nos dois trimestres subsequentes” no Produto Interno Bruto (PIB) do país da seleção campeã. O resultado é puxado primariamente pelas exportações, o que segundo o autor é consistente com um maior apelo por produtos e serviços daquele país no mercado global, após uma vitória em um grande evento esportivo.

A investigação conclui, por outro lado, que organizar uma Copa do Mundo não gera efeitos significativos de crescimento do PIB para o país-sede, “pelo menos no curto e no médio prazos”. O estudo argumenta que isso pode trazer “alguma luz” para o debate sobre a formulação de políticas públicas, sobretudo no momento em que a Fifa avalia tornar a Copa do Mundo um evento mais recorrente, eventualmente realizando-a a cada dois anos.

Vencer no campo e a economia

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Mello diz em seu estudo que há várias referências na literatura econômica sobre o impulso econômico com a vitória na Copa, por meio de canais como a confiança dos consumidores e dos investidores no país, mas considera que havia pouca evidência de fato sobre esse ponto. Agora, o pesquisador afirma ter trazido as primeiras evidências causais do impulso citado na economia.

O modelo elaborado por ele mostra que sediar a Copa não traz impacto econômico claro no crescimento do PIB, mas estabelece essa correlação para o vencedor da disputa.

O pesquisador ressalta no estudo que o efeito é de curto prazo. De qualquer forma, um impulso para a economia argentina é bem-vindo, no momento em que o país enfrenta perda de fôlego na atividade, com inflação elevada e risco de mais problemas fiscais, enquanto continua a renegociar a dívida com seus credores.