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Em meio aos planos do governo eleito de aumento de gastos públicos em 2023, o mercado financeiro já projeta manutenção da taxa Selic por mais tempo, prevendo a primeira queda de juros no Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de agosto.
Conforme o Sistema de Expectativas de Mercado, de onde são compiladas as projeções do Boletim Focus, até o dia 24 de novembro, a mediana apontava para a primeira queda em junho.
Agora, a expectativa é que a Selic seja mantida em 13,75% até o sexto mês de 2023 e caia a 13,25% em agosto, terminando o ano que vem em 11,75%. Até a semana passada, o porcentual esperado para os juros básicos no fim de 2023 era de 11,50%.
Para o fim de 2024, a taxa projetada também vem aumentando em meio à percepção de que a taxa neutra pode avançar com a expansão fiscal planejada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto. Na Focus desta segunda-feira, foi de 8,25% para 8,50% ao ano.
Conforme a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo governo eleito para possibilitar o cumprimento de promessas de campanha, o Bolsa Família ficaria fora do teto de gastos por quatro anos, com um custo estimado de R$ 175 bilhões, e ainda haveria a possibilidade de aumentar em R$ 23 bilhões despesas de investimento em obras.
Na avaliação do mercado financeiro, o aumento de gastos proposto pode afetar a inflação e, consequentemente a política monetária, por dois canais principais: o aumento da demanda e o impacto em preços de ativos, como o dólar. Hoje, o Copom mira os anos de 2023 e 2024 para o cumprimento da meta de inflação, mas tem dado ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, hoje o segundo trimestre de 2024.
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No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, a mediana para o IPCA – índice de inflação oficial – de 2023 voltou a avançar, de 5,02% para 5,08%, acima do teto da meta de 4,75%. Para 2024, porém, a projeção foi mantida em 3,50%, superior ao alvo central (3,00%), mas dentro da banda que vai até 4,50%.
Na curva de juros, há uma precificação de alta da Selic. Em eventos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir. No questionário pré-Copom de dezembro, o BC perguntou aos analistas se consideram gastos além do teto em 2023 e 2024, assim como pediu as estimativas para o juro neutro.