Melhor política social é o combate à inflação, diz Campos Neto

Em entrevista, presidente do Banco Central também defende autonomia da autarquia, que, segundo ele, ajuda a ter uma visão de controle de preços

Estadão Conteúdo

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Brendan McDermid/Reuters)
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: Brendan McDermid/Reuters)

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ressaltou nesta terça-feira (30), que o combate à inflação representa a melhor política social para o país.

“As pessoas não percebem muito porque não temos inflação alta há muito tempo: a inflação é a pior coisa para a desigualdade”, declarou Campos Neto em entrevista à CNN Brasil. “A melhor política social é o controle da inflação. Por isso, o banco central autônomo é bom, ele vai ter essa visão de controle de preços e ter independência para que isso aconteça”, acrescentou.

Ao ressaltar a linha técnica e apolítica do Banco Central, assim como o compromisso com a meta de inflação, Campos Neto disse que também não concordava com tudo que era proposto pelo governo anterior, que o indicou ao cargo. “Lembrando que a meta do Banco Central quem determina é o governo. A gente só executa”, pontuou.

Durante a entrevista, Campos Neto disse que aprendeu a trabalhar com o Legislativo durante o seu mandato. “Acho que por ser um órgão técnico, a gente conviveu bem nesse período”, afirmou. Apesar de o País ter perdido muitas oportunidades, ele considerou que também houve avanços, como a reforma tributária, que colocam o Brasil entre os principais candidatos a receber investimentos da transição energética global.

Movimentos globais simultâneos

O presidente do Banco Central afirmou , que, apesar das discussões sobre a pressão exercida pela política fiscal no processo inflacionário, existem dois fatores do ponto de vista da produção que elevam os custos. Campos Neto citou a reacomodação das cadeias globais e o processo de tornar empresas mais sustentáveis, elementos que, segundo ele, não são baratos e trazem custos iniciais.

“O mundo está passando por várias coisas ao mesmo tempo que geram custos. E a própria tensão geopolítica. A gente não sabe qual é o preço da energia, o que vai acontecer com o barril de petróleo. A gente tem hoje uma situação no Oriente Médio que é muito difícil determinar (…) Tem muitos elementos de incerteza”, disse.

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Campos Neto afirmou que a globalização está se transformando em segmentação em grandes grupos de comércio. “A globalização como a gente viu no passado está em xeque”, avaliou. O protecionismo no mundo também é citado por ele como outro elemento que gera custos e incertezas ao cenário econômico global.

O presidente do BC afirmou ainda que o Brasil é excelente candidato a ser base de produção de insumos sustentáveis pela sua capacidade em gerar fonte de energia renovável.

“Moeda da vez”

Campos Neto afirmou que o debate sobre a “moeda da vez” no mundo pode estar ultrapassado em meio ao avanço dos sistemas de pagamentos instantâneos, ao ser questionado se a moeda chinesa poderá substituir o dólar. No futuro, segundo ele, a tendência é a de que seja possível fazer transferências em tempo real entre países com sistemas conectados.

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Campos Neto também avaliou que seria difícil negociar ativos em uma moeda que não seja conversível, ao comentar sobre a possível predominância da moeda chinesa no mundo. “É muito difícil ter moeda global que não seja conversível, que não seja aberta, você precisa escolher qual lado você está”, disse.

Eleição nos EUA

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que não espera um impacto substancial das eleições nos Estados Unidos nos preços dos ativos.

“Tenho a percepção de que a eleição americana não tem tanto impacto nos mercados, nos preços internacionais”, disse o presidente do BC.

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Apesar de citar diferenças dos dois principais candidatos – Joe Biden e Donald Trump – em temas como política externa e programas sociais, Campos Neto julgou que o evento não deve provocar uma ruptura nos mercados.

“As coisas vão mais ou menos se equilibrar”, projetou em entrevista.