Luiza Trajano pede a Galípolo para não anunciar mais alta nos juros: “atrapalha tudo”

“Quero falar em nome do setor varejista, porque o varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que demanda", diz presidente do Conselho do Magalu

Lara Rizério Agências de notícias

Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza (Flavio Santana/Biofoto)
Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza (Flavio Santana/Biofoto)

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Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3), voltou a fazer um apelo ao presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, para que não comunique novos aumentos na taxa de juros.

Durante evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta sexta-feira (14), Trajano destacou que as pequenas e médias empresas estão enfrentando dificuldades extremas para sobreviver em um cenário de juros elevados, afirmando que esse setor é crucial para a geração de empregos no país.

“Quero falar em nome do setor varejista, porque o varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que demanda. A pequena e média empresa não aguenta mais sobreviver com isso, não tem condição. E é ela que gera emprego”, declarou Trajano, enfatizando a necessidade de uma mudança na abordagem do Banco Central em relação ao combate à inflação.

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A executiva sugeriu que o BC “pense fora da caixa” e busque alternativas para controlar a inflação que não envolvam a elevação da taxa de juros. “[Quero] pedir para ele por favor não comunicar mais que vai ter aumento de juros, porque aí já atrapalha tudo desde o começo”, completou, em tom de brincadeira (mas com um fundo de seriedade).

Em resposta, Galípolo reconheceu a preocupação expressa por Trajano e outros empresários presentes, mas ressaltou que a solução para os problemas estruturais da economia brasileira não pode ser a mesma que falhou no passado. Ele reiterou que a missão do Banco Central é proteger a moeda e controlar a inflação, que afeta a população de maneira desigual.

“Acho que muitas vezes somos críticos ao Brasil porque as transformações não ocorrem na velocidade e com a linearidade que gostaríamos”, afirmou Galípolo, sublinhando a importância de um debate mais amplo sobre os desafios econômicos do país.

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Essa não é a primeira vez que Luiza Trajano faz um pedido público para que o Banco Central considere a redução da taxa de juros. Em junho de 2023, durante um evento com o então presidente do BC, Roberto Campos Neto, ela já havia levantado preocupações semelhantes sobre a capacidade das empresas de suportar os altos juros.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.