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O porta-voz da maioria republicana na Câmara dos Estados Unidos Kevin McCarthy (deputado pela Califórnia) prometeu em entrevista na TV americana que vai colocar em votação nesta semana e conseguir aprovar sua proposta de elevação do teto da dívida do país mediante a promessa de um enorme corte de gastos da administração democrata de Joe Biden
Em entrevista ao Sunday Morning Futures, da Fox News, McCarthy criticou o presidente por tentar esvaziar o debate sobre um acordo ao classificar a proposta republicana como “maluca” e “irresponsável”.
“Temos desafios em todo o país, em todo o mundo. Ele (Biden) precisa mostrar liderança e vir à mesa de negociações em vez de nos colocar em default. É arriscado o que ele está fazendo”, disse MCarthy.
Na semana passada, o porta-voz apresentou um documento de 320 páginas chamado de Ato “Limite, Economize, Cresça”, propondo elevar o teto da dívida americana em US$ 1,5 trilhão ou até 31 de março de 2024 – o que ocorrer primeiro – em troca de limites para parte da agenda expansionista do presidente Joe Biden.
Entre outros pontos, o pacote sugere o retorno das despesas não militares aos níveis de 2022 e a imposição de um limite de 1% do crescimento do orçamento ao longo da próxima década. Os republicanos planejam ainda reverter algumas prioridades legislativas de Biden, entre elas o alívio da dívida estudantil, o fortalecimento da fiscalização da Receita e a aposta em energias renováveis..
Na prática, os Estados Unidos atingiram seu limite legal de dívida de US$ 31,4 trilhões em janeiro, mas tem feito uso de manobras e estratégia para evitar um default, que está previsto para acontecer em algum momento entre junho e novembro.
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O limite da dívida é a quantia total de dinheiro que o governo dos EEUA está autorizado a tomar emprestado para cumprir suas obrigações legais, incluindo benefícios de Seguridade Social e Medicare, salários de militares, juros sobre a dívida nacional, restituições de impostos e outros pagamentos.
Consequências
Segundo o Departamento do Tesouro, deixar de aumentar o limite da dívida traria “consequências econômicas catastróficas”. Segundo o órgão do governo, isso faria com que o governo deixasse de cumprir suas obrigações legais, um evento sem precedentes na história americana.
“Precipitaria outra crise financeira e ameaçaria os empregos e as economias dos americanos comuns, colocando os Estados Unidos de volta em um profundo buraco econômico, no momento em que o país está se recuperando da recente recessão”, diz o Departamento.
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O Congresso dos EUA já agiu outras vezes quando chamado a aumentar o limite da dívida. Desde 1960, foram 78 votações no sentido de elevar permanentemente, estender temporariamente ou revisar a definição do limite da dívida – 49 vezes sob presidentes republicanos e 29 vezes sob presidentes democratas.
Embora McCarthy tenha dito que está otimista com a votação, analistas políticos veem sua liderança como frágil, mesmo entre os republicanos. A maioria é estreita, com 222 votos de seu partido contra 212 dos democratas. Como é necessária maioria simples na votação (218), ele não pode perder mais do que quatro apoios em sua base se quiser aprovar o Ato.
Em janeiro, McCarthy só conseguiu a aprovação de seu nome para o cargo de porta-voz, que equivale à presidência da Casa, após 15 votações e várias concessões feitas a grupos diversos.
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Segundo o site Politico, os republicanos estão exigindo cortes de gastos que seriam politicamente impossíveis para Biden concordar. E existem outros que podem se recusar a votar para aumentar o teto da dívida mesmo que seja feito algum acordo com o governo sobre os cortes.
Ao mesmo tempo, republicanos mais moderados temem perder votos numa futura tentativa de reeleição caso programas populares sofram com os limites orçamentários.
Na semana passada, o mercado passou a mostrar maior interesse sobre esse impasse. Os credit default swaps (CDS), uma espécie de seguro contra o calote, estavam em alta, assim como os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA.