Ipea eleva projeção para alta do PIB de 2021 de 3,0% para 4,8%

Impacto menor do que o inicialmente esperado do isolamento social sobre a atividade e conjuntura internacional estão entre os motivos para a revisão

Estadão Conteúdo

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O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para 4,8% sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 ante 2020, conforme o relatório “Visão Geral”, publicado na “Carta de Conjuntura” n. 51, do segundo trimestre. Na edição anterior do relatório, a projeção apontava para um crescimento econômico de 3,0% este ano.

Os pesquisadores do Ipea citam alguns fatores por trás da elevação da projeção. Em primeiro lugar, está a constatação de que, na prática, o impacto do isolamento social sobre a atividade econômica, na segunda onda da pandemia de covid-19 verificada no início do ano, foi menor do que o inicialmente esperado – seja porque houve menos regras de restrição, porque as pessoas respeitaram menos essas regras e/ou porque as atividades se adaptaram melhor às restrições ao contato social.

Um segundo fator é a conjuntura internacional. No primeiro trimestre, as atividades exportadoras já puxaram o crescimento econômico. “O crescimento do PIB mundial e a aceleração dos preços de commodities têm provocado um aumento na demanda externa e melhora nos termos de troca. Na esteira desses movimentos, os setores do agronegócio e das indústrias extrativas, particularmente, têm sido os mais beneficiados”, diz o relatório do Ipea.

Esses dois fatores já apareceram no crescimento de 1,2% no PIB, ante o quarto trimestre de 2020. Parte da revisão para cima na projeção do Ipea se deve ao fato de que, na edição do primeiro trimestre do relatório “Visão Geral”, a estimativa era de uma retração de 0,5% ante o quarto trimestre do ano passado. De lá para cá, os indicadores conjunturais de abril e maio vieram positivos, reforçando “esse cenário positivo, em que a economia se mostrou mais resiliente aos efeitos do agravamento da pandemia e das políticas de afastamento social”.

Para o segundo trimestre, os pesquisadores do Ipea esperam um crescimento de 0,1% no PIB ante os três primeiros meses do ano. Frente ao segundo trimestre de 2020, fundo do poço da crise causada pela covid-19, o crescimento deverá ser de 12,6%.

Um terceiro fator a sustentar a projeção mais otimista é a perspectiva de avanço da vacinação contra covid-19. “Embora ainda não tenhamos atingido o grau de cobertura suficiente para permitir a flexibilização mais generalizada das políticas de distanciamento social, a aceleração recente da vacinação já pode estar contribuindo para reduzir a ocupação de leitos de UTI e de mortes pela doença”, diz o relatório do Ipea.

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O avanço da vacinação permitirá alguma evolução no sentido da normalização da mobilidade e do contato social no segundo semestre, o que contribui para “aquecer” a demanda doméstica. Além disso, os pesquisadores do Ipea destacam que a expectativa é que “o desempenho da economia mundial continue sendo um importante driver de crescimento, particularmente para os setores ligados ao agronegócio e para as indústrias extrativas”.

No lado dos riscos, o relatório do Ipea cita a própria dinâmica da pandemia – “embora os indicadores de atividade tenham vindo melhores que os esperados em abril, ainda assim foram afetados pelo agravamento da pandemia”, diz o documento – e a possibilidade de escassez de energia elétrica, por causa da crise hídrica.

A expectativa de um crescimento mais forte em 2021 tenderá a arrefecer o ritmo da economia em 2022, por causa da base de comparação mais fraca. Assim, a projeção de crescimento do PIB em 2022 foi reduzida para 2,0% ante 2,8%.

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“Diferentemente do que acontece neste ano, o esforço de crescimento em 2022 é maior, refletindo um efeito carry-over inferior a 1%. Vale destacar que, apesar da redução do crescimento esperado para 2022, a previsão para o crescimento acumulado no biênio passou de 5,9% para 6,9%”, diz o relatório do Ipea, ressaltando que esse cenário depende do controle da pandemia e da manutenção de um cenário relativamente estável para a política fiscal no curto prazo, com destaque para o cumprimento do teto dos gastos.

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