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A análise mais detalhada do IPCA-15 de novembro, que mostrou alta de 0,53% ante outubro, aponta para uma aceleração dos preços administrados e uma estabilidade dos preços livres na “prévia” da inflação oficial, apontam especialistas.
Embora os preços de combustíveis, em especial a gasolina, e de alimentos, tenham puxado a inflação no mês, os dados divulgados hoje pelo IBGE vieram um pouco abaixo do esperado.
A CM Capital destacou no período o movimento dos preços dos combustíveis automotivos, que voltaram a apresentar inflação após alguns meses de recuo. “Mesmo sem reajuste dos preços dos combustíveis por parte da Petrobras, o preço da gasolina e do etanol passou por reajustes altistas nas últimas semanas, conforme apurado pela ANP e pelos demais indicadores inflacionários”, diz em relatório.
Também foi citado que a média dos núcleos do indicador manteve-se praticamente estável frente o resultado anterior (0,56%, na comparação mensal de outubro, ante 0,55% em novembro). Todos os núcleos acompanhados pela CM Capital mostraram inflação elevada e concentrada em patamar estreito. “Esse movimento reforça a característica ruim do indicador, que independentemente da característica do núcleo sugere pressão no curto e médio prazo”, afirma o relatório.
A XP diz em relatório assinado pelo economista Rodolfo Margato que a composição do indicador ficou entre neutra e ligeiramente positiva.
“Projetamos elevação de 5,8% para o IPCA de 2022 e de 5,2% para o IPCA de 2023. Nossa estimativa para o próximo ano leva em consideração a reoneração de PIS/Cofins sobre combustíveis, com impacto altista ao redor de 0,50 p.p. sobre o IPCA geral. No entanto, os crescentes riscos fiscais e seus impactos potenciais sobre a dinâmica da taxa de câmbio e as expectativas de inflação de médio prazo precisam ser monitorados com bastante cautela, pois podem alterar as perspectivas para o IPCA”, alerta Margato.
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Já o Goldman Sachs afirma, em relatório assinado pelo economista chefe Alberto Ramos, que o indicador veio acima do esperado em bens industriais semiduráveis, vestuário, higiene pessoal e comunicações. Esse comportamento foi compensado por dados abaixo do esperado em alimentos consumidos dentro e fora de casa e em despesas pessoais.
“Na comparação com outubro, a aceleração da inflação em novembro refletiu o impacto das altas nas passagens aéreas, combustíveis, eletricidade, alimentos e bens industriais”, destaca.
Ramos também cita o comportamento dos combustíveis no mês, com a contribuição negativa dos últimos meses sendo revertida em novembro (aumento de 2,04%), impulsionado pela gasolina e etanol.
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Para o Goldman Sachs, no geral, a dinâmica da inflação subjacente ainda é desafiadora, dadas as pressões ainda disseminadas sobre a inflação básica e de serviços em um cenário de aperto no mercado de trabalho, a expectativa de deterioração do mix de políticas macro e micro e uma grande expansão fiscal em 2023.
“Além disso, a inflação pode se mostrar inercial devido à intensificação dos mecanismos retroativos de fixação de preços e salários, com reajuste de contratos salariais incorporando ajustes de custo de vida”, prevê o banco de investimentos.
O BTG Pactual avalia que que o IPCA-15 de novembro foi puxado por itens voláteis, mas alerta que a média dos núcleos avançou de 0,47% na comparação mensal entre setembro e outubro, para 0,53% entre outubro e novembro. E também que difusão da alta nos serviços, segmento que o BCB segue vigilante, passou de 61,5% para 64,6%.
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“Apesar da melhora marginal na dinâmica inflacionária recente, observamos uma deterioração das perspectivas para os preços para 2023, impulsionada pela possível reversão parcial das desonerações tributárias de 2022 e propostas de expansão fiscal”, diz o banco.
No entanto, uma possível melhora nos gargalos produtivos e as perspectivas melhores para a próxima safra podem resultar em uma trajetória de inflação mais baixa para bens industriais e alimentos in natura.
O Itaú também alerta em relatório que núcleo subjacente para serviços e industriais continuou a desacelerar em relação aos picos recentes, mas os componentes subjacentes industriais e de serviços ficaram acima das expectativas do banco. “O processo de desinflação será errático e gradual. Nossa projeção para o IPCA ao final de 2022 é de 5,8%”, prevê.
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Para Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, o resultado de novembro mostrou alguma melhora nos serviços subjacente e nos núcleos, mas como as medidas ainda se mantém pressionadas, não são suficientes para garantir um processo consolidado de desinflação. “Assim, seguimos antevendo que o Banco Central deve manter a taxa de juros em patamar terminal nas próximas reuniões, e só começará a discutir quedas quando esse processo ficar claro”, afirma.