Inflação ao consumidor (CPI) dos EUA sobe 0,2% em fevereiro, menos que o esperado

Número veio abaixo do esperado, mas especialistas veem alívio como temporário devido à pressão das tarifas de Donald Trump

Paulo Barros Agências de notícias

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O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) subiu 0,2% em fevereiro, depois de alta de 0,5% em janeiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira (12). Com isso, a inflação anualizada alcançou 2,8%.

O dado de fevereiro veio abaixo das projeções de analistas ouvidos pela Lseg, que esperavam alta de 0,3% para o mês. Para 12 meses, a expectativa era de 2,9%.

Excluindo os preços de alimentos e energia, o CPI americano principal também subiu 0,2% no mês e ficou em 3,1% em 12 meses, ante 3,2% esperado por economistas.

Em reação, o Dow Jones Futuro subiu 200 pontos logo após a divulgação do dado.

Alívio temporário

A melhora, no entanto, é vista como temporária em um cenário de tarifas agressivas sobre as importações que devem elevar os custos da maioria dos produtos nos próximos meses.

O primeiro relatório completo de inflação do governo do presidente Donald Trump ainda mostrou os preços em níveis que, segundo economistas, são inconsistentes com a meta de 2% do Federal Reserve.

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Neste mês, Trump desencadeou uma guerra comercial ao elevar as tarifas sobre produtos da China para 20% e impor uma nova taxa de 25% sobre as importações canadenses e mexicanas, antes de voltar atrás e conceder uma isenção de um mês para quaisquer produtos que atendam às regras de origem do Acordo de Comércio EUA-México-Canadá.

Tarifas mais altas sobre o aço e o alumínio entraram em vigor nesta quarta-feira (12), provocando uma rápida retaliação da Europa.

Os consumidores, temerosos de preços mais altos, provavelmente correram para comprar bens como veículos automotores e outros itens de grande valor, o que pode aparecer em fevereiro ou nos próximos meses.

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Expectativas

As expectativas de inflação dos consumidores aumentaram em fevereiro.

“Quanto mais tempo a inflação ficar acima da meta do Fed, mesmo que isso se deva a forças temporárias como as tarifas, maior será a chance de que as expectativas se desancorem para cima”, disse Stephen Juneau, economista do Bank of America Securities. “Se isso acontecer, a restauração da estabilidade de preços será muito mais difícil para o Fed.”

Após a cascata de tarifas, economistas atualizaram suas previsões de inflação.

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O Goldman Sachs estima que o núcleo do índice PCE, uma das medidas monitoradas pelo Fed para a política monetária, aumentará de 2,65% em janeiro para cerca de 3% até dezembro. A previsão era de que permanecesse em cerca de 2% até o fim do ano.

O banco central dos EUA deve manter sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50% na próxima quarta-feira. Os mercados financeiros esperam que o Fed retome os cortes dos juros em junho, devido à deterioração das perspectivas econômicas, após uma pausa em janeiro.

(com informações de Reuters e CNBC)

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas