Incerteza com coronavírus faz economistas se lembrarem da crise de 2008

O principal paralelo entre os dois momentos é o grau de indefinição e é preciso acompanhar até que ponto o comércio será afetado

Estadão Conteúdo

(Crédito: Minsa/Fotos Públicas)
(Crédito: Minsa/Fotos Públicas)

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O medo do impacto que a propagação do coronavírus continuará causando na economia tem levado a Bolsa brasileira e os mercados globais a amargarem perdas expressivas. O cenário de Bolsas em baixa faz lembrar o mergulho que o mercado global experimentou em 2008.

Na visão de economistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, o principal paralelo entre os dois momentos é o grau de incerteza e é preciso acompanhar até que ponto o comércio e a produção mundial serão afetados agora.

As duas crises têm panos de fundo diferentes: em 2008, a questão principal era a bolha que havia sido criada no mercado imobiliário americano e que ameaçava a sustentabilidade do mercado financeiro. Agora, pesam os impactos econômicos globais por conta da disseminação do vírus.

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O economista-chefe da Necton, André Perfeito, reforça que a crise de agora não é na indústria financeira, como a de 2008, mas um distúrbio na economia real. “A indústria financeira antes estava ‘podre’. Hoje, não.”

Bruno Lavieri, da 4E Consultoria, concorda que o que aproxima os dois momentos é um ambiente de muito risco. “Há 12 anos, também havia muita dúvida de onde estava o fundo do poço. Agora, a sensação é muito ruim, mas em uma dimensão menos grave do que em 2008.”

Ele também avalia que as implicações que a crise de produção internacional terá não são claras. “O mercado não sabe que tipo de depressão nas economias internacionais está por vir. O investidor pode até ficar otimista, caso algo positivo aconteça nos próximos dias.”

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A economista Thaís Zara, da Rosenberg, ressalta que há uma percepção de que os impactos sobre a economia mundial podem ser mais fortes do que se imaginava, enquanto aumentam os casos de coronavírus registrados fora da China.

Ela lembra que, conforme os casos fora da China forem aumentando, é possível que mais países adotem medidas de restrição de produção e de circulação de pessoas. “O crescimento econômico global será menor do que se antecipava, mas não se sabe se os danos serão restritos ao primeiro semestre.”

No Brasil, o número de suspeitos de infecção pelo Covid-19 caiu de 85 para 66 no Estado de São Paulo, segundo balanço de ontem. Três parentes de um empresário de 61 anos, primeiro caso confirmado no País, estão entre os descartados.

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De acordo com os analistas, também não é possível separar até onde vão os efeitos externos – do coronavírus – na Bolsa e os internos, de crise entre os Poderes, após o presidente Jair Bolsonaro compartilhar dois vídeos no WhatsApp, convocando para manifestações em defesa do governo no dia 15 de março.

De todo modo, ainda que a queda dos indicadores brasileiros tenha acompanhado o movimento internacional, a crise política tem pesado no aumento das incertezas, que prejudicam o desempenho da Bolsa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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