IGP-M desacelera para 0,81% em junho, mas alimentos in natura ainda pressionam

Com o resultado, o índice acumula alta de 1,10% no ano e de 2,45% nos últimos 12 meses; a alta de preços ao produtor perdeu um pouco de força no mês, mas o índice do consumidor subiu

Roberto de Lira

Consumidora em supermercado no Rio de Janeiro (Foto: Pilar Olivares/Reuters)
Consumidora em supermercado no Rio de Janeiro (Foto: Pilar Olivares/Reuters)

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O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) desacelerou para 0,81% em junho, após uma alta de  0,89% em maio, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira (27). O dado ficou abaixo da expectativa do consenso LSEG de analistas, cuja mediana estava em 0,87%.

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Com o resultado, o índice acumula alta de 1,10% no ano e de 2,45% nos últimos 12 meses.

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Em junho de 2023, o índice de inflação tinha registrado taxa de -1,93% no mês e acumulava deflação de 6,86% em 12 meses.

André Braz, coordenador dos Índices de preços do FGV/Ibre comentou em nota que os desafios climáticos e a sazonalidade foram determinantes nos destaques tanto do índice ao produtor como do consumidor em junho.

“No IPA, as maiores contribuições vieram da soja, do café, da batata e do leite; itens que também tiveram impacto no IPC. Não por coincidência, a batata e o leite também foram destaques significativos no varejo. Além disso, o INCC apresentou avanço influenciado pela mão de obra”, detalhou.

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No mês, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,89%, uma aceleração de menor intensidade em relação ao comportamento observado em maio, quando registrou alta de 1,06%.

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou uma variação de 0,46%, avançando em relação à taxa de 0,44% observada em maio.

IPA

Dentro do IPA, o grupo de Bens Finais subiu 1,08% em junho, acelerando em relação a taxa de 0,06% registrada no mês anterior. Esse acréscimo foi impulsionado principalmente pelo subgrupo de alimentos in natura, cuja taxa passou de -3,67% para 3,00%, no mesmo intervalo.

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Mesmo quando excluídos os subgrupos de alimentos in natura e de combustíveis para consumo, a alta acelerou de 0,50% em maio para 0,94% em junho.

A taxa do grupo Bens Intermediários, no entanto, variou 0,42% em junho, suavizando a alta ante o mês anterior, quando registrou 1,03%. O principal fator que influenciou esse movimento foi o subgrupo de materiais e componentes para a manufatura, cuja taxa passou de 1,44% para 0,69%.

Já o estágio das Matérias-Primas Brutas apresentou uma alta de 1,25% em junho, menos expressiva quando comparado ao mês de maio, quando subiu 2,15%.

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A desaceleração deste grupo foi influenciada principalmente por itens chave, como o minério de ferro – que inverteu sua taxa de uma alta de 8,18% para uma queda de 0,84% – os bovinos (cuja taxa alterou de 0,43% para -2,60%), e a mandioca/aipim, que passou de 1,37% para -5,19%.

Em contraste, alguns itens tiveram um comportamento oposto, com para laranja, que diminuiu de uma queda de -12,20% para -2,47%, a cana-de-açúcar, que suavizou a queda de -2,33% para -0,35% e o cacau, que inverteu sua taxa, passando de -11,60% para 14,09%.

IPC

Dentro do IPC, por sua vez, quatro das oito classes de despesa que compõem o índice tiveram aceleração em suas taxas de variação. O maior impacto veio do grupo Alimentação, cuja taxa de variação passou de 0,51% para 0,96%.

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Dentro desta classe de despesa, o destaque foi o subitem leite tipo longa vida, que passou de 1,60% na medição anterior para 8,86% na atual.

Também apresentaram avanço em suas taxas de variação os grupos Vestuário (de -0,58% para 0,42%), Habitação (0,29% para 0,38%) e Despesas Diversas (0,20% para 0,45%).

Nestas classes de despesa, as maiores influências partiram dos seguintes itens: roupas (-0,73% para 0,41%), equipamentos eletrônicos (-0,63% para -0,02%) e serviços bancários (0,02% para 0,73%).

Em contrapartida, os grupos Transportes (0,66% para 0,28%), Educação, Leitura e Recreação (0,13% para -0,23%), Comunicação (0,58% para 0,07%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,78% para 0,68%) exibiram recuo em suas taxas de variação.

Dentro destas classes de despesa, é importante destacar os itens: gasolina (1,70% para 0,54%), passagem aérea (0,47% para -1,44%), tarifa de telefone móvel (1,26% para 0,16%) e medicamentos em geral (1,44% para -0,07%).

INCC

Em junho, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou uma alta de 0,93%, acelerando ante os 0,59% observados em maio.

Analisando os três grupos constituintes do INCC, observam-se as seguintes variações na transição de maio para junho: o grupo Materiais e Equipamentos apresentou um avanço, passando de 0,25% para 0,48%; o grupo Serviços teve um recuo, passando de 0,50% para 0,29%; e o grupo Mão de Obra registrou novo avanço, variando de 1,05% para 1,61%.