IBC-Br mostra que serviços ainda ditam ritmo da economia, mas há riscos de acomodação, dizem analistas

Setor tem puxado a atividade no ano, mas especialistas acreditam que o aperto das condições financeiras deve esfriar esse ímpeto

Roberto de Lira

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O índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) divulgado hoje e que mostrou uma estabilidade em setembro (+0,05%) ante agosto e uma alta de 4% ante o mesmo mês do ano passado, mostra que o setor de serviços continua a ditar o ritmo da atividade, especialmente nos segmentos que dependem mais da elevação de renda da população. No entanto, analistas esperam uma perda de força no final deste ano e início do próximo.

O Goldman Sachs aponta que o indicador mensal do BC veio um pouco abaixo da previsões (entre +0,15% e +0,20%) e que a atividade em setembro já estava 2,5% acima do nível pré-covid, mas ainda 3,2% abaixo do pico do ciclo de dezembro de 2013.

O banco de investimentos afirma que o resultado espelha indicadores já divulgados anteriormente, como a alta de 0,94% no setor de serviços e as vendas varejistas ampliadas 1,13% maiores no mês, além da queda  de 0,3% na produção industrial.

A análise do banco é que alguns dos setores de serviços ainda impactados pelo pandemia, em particular os voltados para as famílias, devem se recuperem ainda mais nos próximos meses. Isso por conta dos estímulos fiscais renovados como a redução de impostos e as transferências fiscais federais adicionais para famílias de baixa renda com alta propensão a consumir. Isso num momento em que o mercado de trabalho se mostra firme e inflação em recuo.

“No entanto, os retornos marginais decrescentes da dinâmica de reabertura econômica, condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, altos níveis de endividamento das famílias e a incipiente reviravolta no ciclo de crédito devem gerar ventos contrários à atividade de serviços no final de 2022 e no primeiro semestre de 2023”, diz relatório.

A XP destaca que a o IBC-Br expandiu 1,4% na comparação trimestral, o quarto avanço seguido nessa medição. Mas pondera que essa alta acentuada deve ser encarada com cautela. “Por um lado, o mercado de bens vem esfriando em meio a condições monetárias mais restritivas e alto endividamento das famílias. Por outro lado, o setor de serviços segue em forte trajetória ascendente, na esteira da reabertura econômica e do aumento da renda disponível das famílias”, comenta.

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Assim foi mantida a expectativa de que o PIB brasileiro cresça 2,8% em 2022 e 1,0%. em 2023.

Para o Banco Original, o desempenho negativo da indústria (-0,7%, na comparação mensal) suplantou parte do avanço de setores como o de serviços. “Esse cenário alinhado aos indicadores antecedentes, como a queda de 3,8 pontos do índice de confiança da indústria para outubro e recuo do PMI no período, sugere que a indústria deve continuar em ritmo de desaceleração e, por consequência, contribuir negativamente para o IBC-Br de outubro”, prevê. “Mantemos nossa projeção de 0,8% para o PIB do 3T22.”

O Bradesco também acredita que a manutenção da força dos serviços e a perda de potência da indústria reforçam a expectativa de acomodação do ritmo de crescimento da atividade econômica no terceiro trimestre, “condizente com nossa projeção de expansão ao redor de 0,5% no período e de 2,7% no ano.”

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Já o BTG Pactual diz que continua a enxergar mais um mês de leituras heterogêneas entre os segmentos da atividade, com surpresa positiva nos grupos beneficiados pelo aumento da renda disponível das famílias, mas com dados mais brandos em setores mais impactados pelo encarecimento do crédito.

“Para os próximos meses esperamos que o setor de serviços continue guiando a atividade econômica. Porém, entendemos que diante do forte desempenho do setor no ano e dos impactos negativos do aperto das condições financeiras, o setor deve apresentar arrefecimento”, alerta em relatório.

Para o varejo e a indústria, a previsão é dados mistos, impactados negativamente pela taxa de juros em patamar restritivo, mas com alguns grupos do varejo restrito beneficiados pelas datas comemorativas do último trimestre do ano.

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“Para o PIB do terceiro trimestre, esperamos uma alta de 0,8%, com balanço de riscos altista, com possível alta de 1,1%. Para o quarto trimestre, caso o índice apresente estabilidade nas próximas divulgações, a atividade econômica deve recuar -0,3% com relação ao terceiro trimestre.”