IBC-Br do 2º trimestre confirma desaceleração da atividade após forte início de 2023, dizem analistas

Indicador do BC mostrou alta de 0,43% no trimestre, ante evolução de 2,21% registrada nos primeiros três meses do ano.

Roberto de Lira

(Getty Images)
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A evolução de 0,43% do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre anterior, divulgada nesta manhã pelo Banco Central, mostra que a economia ainda foi resiliente no período, mas que a desaceleração ficou evidente, apontam economistas. O crescimento no primeiro trimestre tinha alcançado 2,21%. No mês, o índice avançou 0,63%, em linha com a mediana dos projeções dos analistas.

João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro, afirmou que o dado mensal refletiu, principalmente, a alta do comércio varejista ampliado em junho (1,2%0, mas também o crescimento de 0,2% dos serviços e da relativa estabilidade da produção industrial (0,1% ).

Ele disse que, a partir dos número divulgados, está mantendo a estimativa de desaceleração gradual da atividade no 2º semestre, embora em um ritmo mais lento que o consenso dos economistas vem apontando. A projeção para o PIB de 2023m que será divulgado em 1º de setembro, segue em 2,6%.

Para ele, o IBC-BR “segue compatível com a leitura de uma atividade econômica que se manteve resiliente no 2º trimestre e que deverá continuar desacelerando gradualmente no restante do ano”.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, comentou que o a alta no 2º trimestre ainda teve influência positiva do setor Agro, uma vez que a indústria caiu 0,3% e serviços ficaram estáveis no trimestre.

“Apesar da alta em junho, o atual patamar é inferior ao da média dos últimos 3 meses e, com isso, deixa carrego negativo de -0,3% para o 3º trimestre. De fato, nossa expectativa é de atividade ainda em desaceleração no 2º semestre, com impacto da maior restrição no crédito devido aos efeitos do aperto monetário em curso”, previu.

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A economista destacou ainda que o impacto da queda da Selic só será sentido a partir do 1º semestre de 2024. E ainda de forma lenta, devido à queda moderada na taxa.

Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, colocou como destaque o fator de o BC ter feito revisões de alta, ainda que moderadas, nas leituras mensais anteriores. O crescimento do IBC-Br em maio foi revisado de 2,1% para 2,3% na base de comparação interanual, por exemplo.

Com a confirmação da desaceleração do crescimento, de 2,21% no 1º trimestre para 0,43% no 2º trimestre, a XP reiterou sua estimativa de que o PIB total cresceu 0,3% entre abril e junho e 2,7% ante o 2º trimestre do ano passado.

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“Olhando adiante, a atividade doméstica deve continuar a arrefecer. A dissipação do choque positivo da agricultura, a moderação do mercado de trabalho e as condições monetárias apertadas são as principais razões por trás desse cenário!”, comentou Margato.

Para a XP, a atual projeção de que o PIB do Brasil crescerá 2,2% este ano tem agora um ligeiro viés positivo.  E o efeito de carrego estatístico para o IBC-Br do 3º trimestre aponta para queda de 0,3% ante o 2º trimestre.

No PicPay, os economistas Marco Caruso e Igor Cadilhac observaram que que o resultado do IBC-Br de junho foi influenciado por altas em quase todos os setores da atividade econômica, sendo a agropecuária a única exceção. “A principal contribuição positiva, veio dos serviços prestados às famílias, que vem sendo beneficiado dos números fortes do mercado de trabalho, e do impacto do programa de incentivo aos carros populares”, disseram.

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Olhando à frente, eles argumentaram que  grande questão é até onde vai o crescimento do setor de serviços. “A desaceleração parece certa, mas a grande incerteza reside no seu momento e na sua intensidade. Com relação aos números, a dinâmica do PIB de 2023 se mantém em dois atos: crescendo mais 0,3% no segundo trimestre, mas perdendo o fôlego e desacelerando gradualmente no segundo semestre, fechando o ano com crescimento de 1,9%.”