Haddad espera corte de 0,50 p.p na Selic, a 11,75%, em reunião do Copom na próxima quarta (13)

O ministro da Fazenda também falou sobre política fiscal e seus impactos na política monetária do BC, orçamento e desoneração da folha de pagamento

Equipe InfoMoney

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em audiência pública na Câmara dos Deputados (Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em audiência pública na Câmara dos Deputados (Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Publicidade

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que a Selic, taxa de juros básica brasileira, caia para 11,75% na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para encerrar na quarta-feira, 13 de dezembro. A fala foi emitida na manhã deste sábado (09), durante a Conferência Eleitoral do Partido dos Trabalhadores em Brasília, um evento preparatório do partido para as eleições municipais de 2024.

Com a depreciação do dólar frente ao real e a inflação em queda, o ministro questionou qual seria a justificativa para o Copom não baixar os juros no país.

No evento, o Haddad afirmou ainda que não será possível executar todo o orçamento de 2023 devido a falta de pessoal, já que os concursos para contratação de servidores públicos não foram concluídos, informou o jornal Valor Econômico.

Continua depois da publicidade

Ainda sobre previsões macroeconômicas, a expectativa é que o Brasil encerre 2023 com 2 milhões de novos empregos formais, de acordo com o ministro da Fazenda.

Haddad x Hoffmann

Durante o evento, o Ministro da Fazenda travou um embate com Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, sobre gastos públicos.

Hoffmann defendeu um déficit de entre 1% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Em sua fala, a presidente do PT afirmou que o governo federal tem apenas a política fiscal para controlar economia, uma vez que a política monetária é definida pelo Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto, um “neoliberal” nomeado pelo governo Bolsonaro, segundo a Folha de São Paulo.

Continua depois da publicidade

Em resposta, Haddad afirmou que não existe a correspondência necessária de que déficit (mais gastos públicos) faz (a atividade econômica) crescer. “Depende”, ponderou. Ainda segundo o ministro da Fazenda, é o governo federal que cria condições para exigir da autoridade monetária (Banco Central) a redução de juros.

Em coletiva, Gleisi reconheceu que Haddad está fazendo o seu papel, mas não deixou de destacar que seu posicionamento é “um tanto quanto divergente” ao do partido, segundo o Valor.

Apesar de não estar na ala do Partido dos Trabalhadores que é contra a meta fiscal, onde está Gleisi Hoffmann, Haddad se colocou como desenvolvimentista e contrário a agendas econômicas conservadoras, citando Javier Milei e a “receita de bolo” de vender patrimônio público e arrochar direitos sociais.

Continua depois da publicidade

‘A vida não está fácil’

Segundo o ministro da Fazenda, a vida (do governo federal) não está fácil devido a um Congresso mais conservador e a diretoria muito “hawkish” do Banco Central, que só começou a reduzir a Selic tardiamente, na sua visão, em agosto.

De acordo com apuração da Folha, ele ressaltou também que a próxima semana será decisiva para que o Orçamento de 2024 seja mais consistente e financie os direitos dos trabalhadores, saúde e educação.

No balanço anual, o titular da Fazenda considerou que o governo federal surpreendeu positivamente os críticos em 2023, apesar de admitir estar insatisfeito por desejar ter feito mais.

Continua depois da publicidade

Desoneração da folha de pagamento

O ministro disse que espera resolver “nos próximos dias” a alternativa para desoneração da folha de pagamento – que hoje é válida para 17 setores da economia.