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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (12) que o governo brasileiro não deve promover uma retaliação imediata após o governo dos Estados Unidos implementar tarifa adicional sobre o aço e o alumínio, ressaltando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu calma na análise do tema.
“Nós não vamos proceder assim (com retaliação imediata) por orientação do presidente da República”, disse Haddad em entrevista a jornalistas após receber representantes do Aço Brasil, entidade que reúne o setor siderúrgico brasileiro.
“O presidente Lula falou ‘olha, muita calma nessa hora’, nós já negociamos outras vezes, até em condições muito mais desfavoráveis do que essa”, acrescentou.
O governo brasileiro conseguiu abrir um canal de negociação com os norte-americanos depois de conversas, na semana passada, entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e também entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o representante de Comércio norte-americanos, Jamieson Green.
Fontes ouvidas pela Reuters lembraram, no entanto, que uma primeira reunião técnica entre Brasil e Estados Unidos ainda não aconteceu e deve ser marcada para esta semana, de forma virtual.
Além disso, lembrou uma das fontes, o governo norte-americano já declarou que novas tarifas, sobre outros setores, devem ser anunciadas em 2 de abril, e o Brasil foi inclusive citado especificamente em dois produtos, etanol e madeira.
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Há um temor sobre o impacto que essas novas tarifas podem ter sobre o Brasil, já que informações divulgadas pela Casa Branca de que o governo norte-americano planeja uma tarifa única para cada país que aplica tarifas contra os EUA poderia impactar o comércio bilateral como um todo, não apenas um setor específico.
“A melhor opção é sempre negociar. Se você faz uma retaliação imediata, pode prejudicar ainda mais a própria indústria brasileira”, disse uma das fontes. “Especialmente se considerarmos que novas medidas podem vir por aí.”
Uma decisão sobre retaliação, disse essa fonte, só deve vir depois que todas as alternativas forem esgotadas, e não deve envolver apenas o Executivo, mas também os setores a serem afetados e o Congresso. “Precisa ser uma decisão conjunta, até para mostrar que tentamos todo o possível”, disse.
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Nas negociações, o governo brasileiro quer tentar mostrar que não apenas o Brasil tem déficit no comércio bilateral com os Estados Unidos, como também a tarifa média aplicada pelo Brasil, de 2,75%, é inferior à média que os EUA aplica ao país, que chega a 3,5%.
“É até um mau exemplo você impor tarifas a um país com quem você tem superávit. Qual incentivo aqueles com quem os EUA tem déficit vão ter para mudar?”, disse uma outra fonte que participa das negociações.
O governo brasileiro pediu que o início da aplicação da tarifa contra o país fosse adiado, o que Lutnick e Green prometeram levar ao presidente norte-americano, Donald Trump. O governo também pretende tentar, nas negociações, manter as cotas atuais de exportação sem tarifa para o aço.
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Nesta quarta-feira entrou em vigor um aumento das tarifas de Trump, para 25%, sobre todas as importações de aço e alumínio dos EUA, depois que expiraram isenções anteriores, cotas isentas de impostos e exclusões de produtos.
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá.