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SÃO PAULO – 2020 provavelmente não será tão bom para os mercados quanto 2019, mas ainda há grandes oportunidades, notoriamente entre os emergentes. É o que apontou Michael Strobaek, Chief Investment Officer (CIO) do Credit Suisse Group, em painel realizado nesta terça-feira (28) pelo banco suíço em São Paulo.
Entre os riscos geopolíticos, Strobaek avalia que, enquanto questões como o Brexit começaram a sair do horizonte dos investidores, a intervenção militar americana no Oriente Médio segue sendo um fator de risco e que pode gerar volatilidade nas cotações do petróleo (com leve tendência de alta).
Por outro lado, não há perspectiva de recessão ou crise financeira no próximo biênio, mesmo em um ambiente em que as bolsas americanas vêm registrando recorde atrás de recorde. “Não acreditamos que o valuation [das empresas na bolsa americana] seja um problema”, avalia. Para ele, as ações do setor de tecnologia seguem sendo atrativas, com potencial para retornos sólidos passado o temor que se instalou recentemente entre os investidores com o coronavírus. O principal propulsor do mercado altista segue sendo o Federal Reserve, com os investidores ainda esperando por novas reduções de juros, que podem impulsionar ainda mais as bolsas dado o cenário mais atrativo para a renda variável.
Voltando ao ambiente macroeconômico, Strobaek avalia que os EUA devem ter um crescimento forte, a Europa voltará a ter crescimento fraco da sua economia, enquanto a China estará em um “meio-termo” frente aos anos em que registrou forte aceleração do seu crescimento, após ter se fechado para alguns mercados, muito por conta da guerra comercial travada nos últimos anos com os americanos.
Neste cenário, um fator de risco para o gigante asiático é o ambiente de tensão com Hong Kong. Desde junho, protestos contra a China tomam as ruas de Hong Kong de forma violenta por causa de um controverso projeto de lei de extradição, retirado pelo governo, mas transformaram-se num movimento de luta em defesa da democracia e contra o autoritarismo de Pequim.
No curto prazo, a economia chinesa virou uma incógnita ainda maior também por conta do impacto no coronavírus, principalmente nos setores de varejo e turismo – além das incertezas de como a doença pode impactar outros países. Porém, entre os pontos positivos, o CIO analisa que a tendência é de melhora na “sensação de confiança” melhore na Europa. No Velho Continente, é importante observar a Alemanha, a maior economia da região: caso o país volte a ter um consumo forte, ele pode a impulsionar o mercado europeu.
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Com esses desenvolvimentos no exterior, o CIO do Credit aponta oportunidades em emergentes, citando o Brasil ao falar do potencial caso o País continue com juros baixos no longo prazo, o que pavimenta um ambiente de recuperação para a economia.
Relação entre guerra comercial e eleições americanas
Um outro ponto que será observado pelo mercado de perto é a eleição dos Estados Unidos: na avaliação de Strobaek, o pleito pode inclusive retomar as tensões comerciais entre os americanos e os chineses, após a assinatura da primeira fase do acordo em meados de janeiro que amenizou os temores do mercado. Sobre a guerra comercial, o CIO avalia que a grande questão para os dois países é a disputa no setor tecnológico, notoriamente sobre propriedade intelectual – e não tanto sobre setor de commodities.
O CIO do Credit ainda aponta que os anos de eleição são sempre momentos de debates. Em 2020, especificamente, a questão é quem pode disputar o pleito com Trump.
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Em geral, os investidores esperam que Donald Trump será reeleito, uma vez que o Partido Democrata ainda não apresentou um candidato para enfrentar o atual presidente. A avaliação no momento é de que Trump tem sido positivo para o mercado com as medidas de desregulamentação durante o seu governo. Do lado Democrata, Strobaek avalia que um nome como Joe Biden (ex-vice-presidente americano) também poderia animar o mercado.