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SÃO PAULO – Diversos bancos revisaram recentemente a sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, com as previsões até mesmo de uma volta à recessão em meio à pandemia de coronavírus.
Os últimos a revisarem suas projeções, Itaú Unibanco, Asa Bank, Bank of America, JPMorgan e o Goldman Sachs, cortaram agressivamente as suas expectativas, passando a ver uma recessão.
O Itaú Unibanco cortou sua projeção de alta de 1,8% para queda de 0,7% neste ano, também fazendo cortes generalizados em toda a América Latina. O Asa Bank foi ainda mais longe, revisando sua projeção de estabilidade para queda de 3%, apenas dois dias após ter cortado a previsão de alta de 1,2% para atividade estável: “torcemos para estar errados nestas projeções, e vale notar que o grau de incerteza acerca destas é muito mais elevado que o usual”, destacaram em relatório.
O BofA cortou a projeção de alta de 1,5% para queda de 0,5%. O JPMorgan passou de uma estimativa de alta de 1,6% para queda de 1% (a primeira contração anual desde 2016) e projetando uma “profunda recessão” no primeiro semestre.
Já o Goldman Sachs também cortou sua estimativa para 2020, passando de expansão de 1,5% para queda de 0,9%. “A combinação de demanda externa por bens e serviços em queda, piora dos termos de troca, aperto significativo das condições financeiras dentro do país e impacto econômico das medidas em rápida escalada para lidar com o surto de Covid-19 dentro das fronteiras nacionais, nos levaram a revisar ainda mais para baixo nossas perspectivas para as economias” da América Latina, apontou o banco.
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Mais cedo, o banco suíço UBS cortou pela segunda vez em menos de uma semana a sua expectativa para o PIB brasileiro para o ano, passando de projeção de alta de 1,3% para 0,5%. Na semana passada, a revisão foi de 2,1% para 1,3%.
Os economistas Fabio Ramos e Tony Volpon ressaltam que a situação está rapidamente convergindo ao pior cenário apontado na última revisão de PIB, na qual discutiam um crescimento menor que 1%.
Eles avaliam que o primeiro trimestre de 2020 já era fraco frente o imediatamente anterior e, desde que a Covid-19 começou a gerar preocupação, as condições financeiras deterioraram-se de forma acentuada. A previsão inicial para o PIB trimestral era de alta de 0,15% na comparação com o quarto trimestre e de alta de 0,6% anualizado; agora, a previsão é de queda de 0,1% e baixa de 0,4%, respectivamente.
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Além disso, apontam, as restrições do lado da oferta estão só começando: no estado de São Paulo, com 32% da economia do país e 22% da população nacional, a maioria das escolas e universidades foi fechada, assim como a maioria das atividades culturais, de viagens e de lazer.
Dessa forma, a expectativa é que a economia seja prejudicada no segundo trimestre, não apenas devido aos efeitos primários das interrupções globais da produção no primeiro trimestre, mas também pelos efeitos atrasados da deterioração das condições financeiras e da crescente interrupção da oferta doméstica.
Na avaliação dos economistas, o cenário atual elevará a demanda por mais gastos sociais e flexibilidade do limite de gastos constitucional, juntamente com uma flexibilização monetária. Para eles, uma mudança positiva concreta na situação atual segundo semestre 2020 é essencial para o crescimento positivo durante todo o ano.
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Na última terça-feira, o Credit Suisse também cortou sua projeção para o PIB do Brasil em 2020 de 1,4% para zero. O cenário base do banco, agora, prevê uma recessão no primeiro semestre de 2020, com contrações de 0,1% no primeiro trimestre (sobre o trimestre anterior) e de 1,6% no segundo trimestre.
Os economistas do banco destacam que o desempenho da atividade econômica no primeiro trimestre de 2020 foi menos afetado pelos impactos do coronavírus, uma vez que o país foi um dos últimos a apresentar a propagação da doença, mostrando os primeiros sinais negativos apenas na primeira quinzena de março.
O Credit disse que está assumindo uma projeção de recuperação da atividade econômica no segundo semestre deste ano. No entanto, o banco frisou que “não é possível descartar uma recessão mais significativa, dependendo do tempo que o governo levar para conter o impacto negativo do vírus.”
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Para o banco, a resposta da política econômica anticíclica deve ser mais restrita agora do que na crise financeira global de 2008. “Enquanto na época o governo usou a política monetária e fiscal para reagir aos efeitos da crise, o momento atual indica uma capacidade limitada de usar as duas ferramentas.”
O Credit enfatizou que a taxa de juros já está em um nível expansionista, limitando o espaço para fortes estímulos monetários. “Por causa da situação deteriorada das contas fiscais, o governo está se concentrando em antecipação de pagamentos públicos ao setor privado e em adiar pagamentos de impostos do setor privado ao governo. Como resultado, a maior parte dessas medidas fiscais não representa novos gastos”, avaliou.
O Morgan Stanley cortou também na última terça a projeção do PIB do Brasil de alta de 1,6% para de apenas 0,3%, tendo como base um cenário de crescimento mundial de apenas 0,9% para 2020.
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Um dos riscos para o cenário do banco é de que o problema do novo coronavírus se agrave. Assim, no cenário pessimista, o Morgan Stanley espera que o mundo apresente um recuo de 0,6% do PIB, enquanto o Brasil teria PIB negativo de 0,6%.
“No Brasil, agora assumimos uma queda na demanda doméstica. A economia do Brasil estava
finalmente mostrando sinais de uma recuperação mais sustentável. Portanto, em nossa previsão anterior, estávamos estimando um impacto na cadeia de suprimentos, enquanto acreditávamos que a demanda doméstica permaneceria intocada. Nesta fase, acreditamos que é apropriado também assumir impacto na demanda não apenas devido a medidas locais de distanciamento social, mas também por conta das condições financeiras que impactarão a economia doméstica brasileira”, avaliam os economistas.
Mais revisões para baixo?
Há aqueles que cortaram sua previsão, mas ainda estão relativamente otimistas. É o caso do Santander, que passou a prever crescimento de 1% em 2020, frente aos 2% esperados anteriormente.
Segundo destacou o economista-chefe do banco, Mauricio Oreng, em teleconferência com jornalistas, o Brasil será afetado pela da desaceleração da demanda global, que terá impacto sobre as exportações brasileiras e as condições financeiras.
No cenário doméstico, o banco espera algumas paralisações de atividades, que podem durar de 20 a 30 dias nas grandes cidades. “No final do 2º trimestre, caminharíamos para a normalidade (com o fim das paralisações)”, disse.
Oreng, contudo, ponderou que o cenário é de muitas incertezas, então, é provável que as revisões de projeções sejam feitas com maior frequência, para acomodar os desdobramentos da crise. Segundo ele, se houver novas previsões, é provável que as estimativas sejam revistas para baixo.
(Com Agência Estado)
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