Governo vai reduzir projeção para balança comercial em 2022, mas vê recorde em exportações

Embora também esteja sendo impulsionado por preços mais altos, o ritmo das exportações está crescendo em velocidade inferior

Reuters

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BRASÍLIA (Reuters) – O Ministério da Economia revisará mais uma vez para baixo sua projeção para o desempenho da balança comercial neste ano, diante de reflexos da guerra na Ucrânia, que estão provocando forte alta dos valores importados pelo país, de acordo com uma fonte da equipe econômica.

Embora também esteja sendo impulsionado por preços mais altos, o ritmo das exportações está crescendo em velocidade inferior. Mesmo assim, as vendas do Brasil devem encerrar o ano em patamar recorde, disse a autoridade à Reuters.

Segundo o relato, a estimativa para a balança no fechamento de 2022 ficará abaixo dos 81,5 bilhões de dólares previstos em julho pela pasta, mas ainda é possível que o resultado do ano supere o superávit recorde de 61,4 bilhões de dólares registrado no ano passado.

“A exportação está crescendo como a gente previa. Exportamos 280 bilhões de dólares ano passado, este ano achamos que chega em 350 bilhões de dólares, está acontecendo exatamente como na projeção. O que está descolando é a importação”, disse essa autoridade, que falou sob condição de anonimato porque as previsões não são públicas.

As importações brasileiras têm sido especialmente impactadas pelo aumento expressivo nos preços de fertilizantes e combustíveis em meio ao conflito no leste europeu.

No acumulado de janeiro a julho, as importações de adubos e fertilizantes cresceram 175,3% na comparação com o mesmo período de 2021, enquanto foi observada uma alta de 98,5% nas compras de óleos brutos de petróleo e de 106,9% de gás natural, segundo dados do Ministério da Economia.

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Em maio, a pasta chegou a projetar um saldo positivo de 111,6 bilhões de dólares para a balança brasileira no ano, mas a estimativa foi revista para 81,5 bilhões de dólares em julho, já com previsão de alta nas importações desses insumos, com o salto nas cotações internacionais.

A nova projeção oficial da pasta será divulgada apenas no início de outubro.

Internamente, o Ministério da Economia não vê a revisão com preocupação, por considerar a posição das contas externas brasileiras bastante confortável, com o país amparado ainda por reservas internacionais de 345 bilhões de dólares, disse a fonte.

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Técnicos da pasta consideram mais importante o desempenho da corrente de comércio, que soma importações e exportações, refletindo o nível de inserção do Brasil no mercado internacional. Esse indicador também deve bater recorde este ano, pela avaliação do ministério.

Em linha com a avaliação do governo, Leonardo Costa, economista da ASA Investments, afirma que, apesar do firme desempenho das exportações, a forte expansão das importações vai provocar uma queda no saldo da balança de 2022 em relação ao projetado anteriormente. Ele afirma que a atual previsão da casa, de superávit de 72 bilhões de dólares, também será revisada para baixo.

“Além de exportador relevante de petróleo, o Brasil é altamente dependente dos seus derivados, e a alta de preços do primeiro semestre começa a afetar negativamente nosso saldo, que segue positivo, mas menos positivo do que o observado no começo do ano”, disse.

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Na avaliação da economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, a balança comercial deste ano ainda deve ter saldo “robusto”, semelhante ao de 2021.

Para ela, as exportações crescerão beneficiadas pela alta das commodities, embora a desaceleração do setor de construção na China jogue para baixo os volumes de vendas de minério de ferro.

Em relação às importações, a economista afirmou que as compras de fertilizantes e combustíveis registram alta significativa, mas há fatores de baixa à frente.

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“No segundo semestre, veremos menores importações de gás e de energia elétrica, que ocorreram no ano passado devido à crise hídrica”, disse.

Em junho, o Banco Central previu um superávit de 4 bilhões de dólares para as transações correntes neste ano, o primeiro saldo positivo desde 2007 da conta, medida mais abrangente das trocas do país com o resto do mundo que abarca também o comércio de serviços, remessas de lucros e pagamentos de juros, entre outros fluxos.

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